Friday, December 18, 2009

O que é Brasil


Recusei-me a comentar sobre o caso da "Loira da Uniban", a garota insultada por vários alunos e expulsa de sua universidade por ter ido a uma aula com um vestido um tanto quanto curto. Simplesmente porque acho que a garota já conseguiu muito mais do que objetivava de início: aparecer. Ela conseguiu isto, só que em proporções muito maiores. Continuarei sem lançar minha opinião sobre o comportamento da menina ou da universidade; só versarei um pouco sobre o que tem sido dito sobre o sucedido.

Boa parte dos seguidores da cartilha do politicamente correto vêm criticando com força a Universidade e os alunos da mesma por terem insultado a "coitada", e pelo menos 70% dos argumentos que tenho ouvido/lido dizem algo semelhante a isto: "uma mulher ser julgada por estar de vestido curto no BRASIL? O país do nudismo, da mulata sambando semi-nua, da garota de Ipanema!". Bem, é isto que me irrita.

O que é Brasil? Você, como brasileiro, tem noção alguma disto? Tem certeza de que esta é a terra do samba e do carnaval? E da garota de Ipanema com os glúteos volumosos? Então você não conhece absolutamente nada do lugar em que vive, perdão.

A pintura que postei acima é do artista francês Adrien Taunay, chama-se "Vestimentas de São Paulo", datada de 1825. Tratou-se da missão em que artistas franceses retratavam costumes do povo brasileiro, e no caso, da cidade de São Paulo, a maior do país. Perebe-se logo de cara que as moças solteiras utilizavam uma burca preta muito semelhante à dos países islâmicos, e a senhora casada, simplesmente um vestido muito longo. Sim, eu sei que essa pintura é de muito tempo atrás, mas... é compatível com a imagem que tem a mulher brasileira para a mídia e grande órgãos de comunicação?

Pois bem, a padronização do Brasil como se fosse uma grande cidade do Rio de Janeiro é algo de interesse de órgãos de turismo e de coorporações como a Rede Globo, que tem sede na capital fluminense. Oras, a Globo afirma tanto o Brasil ser o país do samba e do carnaval. Bem, eu moro numa metrópole do nordeste, e aqui, seja em Natal, Fortaleza ou João Pessoa, se você for num final de semana procurar alguma casa de música que esteja executando o samba, você achará pouquíssimas, contando nos dedos, e cada uma com mínimos visitantes. E tenho certeza absoluta que é da mesma forma em Curitiba, Porto Alegre, Goiânia... E sobre a maior cidade do Brasil, São Paulo, eu cito Vinícius de Morais: São Paulo é o túmulo do samba - claro que esta afirmação é um exagero, mas muito menor do que dizer que no Brasil o que se predomina é o samba.

De Norte a Sul, do Rock N' Roll ao Forró, da Música Gaudéria à Sertaneja, as manifestações musicais que acontecem no Brasil(originadas aqui ou não) transformam-se muito de local a local.

Por mim, tudo bem ver um turista norueguês que vem aqui pra minha cidade atrás de praia e sol achar que o Brasil se trata disso, afinal, ele não sabe de nada do país. Também consigo compreender um órgão demoníaco como a Rede Globo querendo padronizar o Brasil - um país de 190 milhões de habitantes - num grande Rio de Janeiro, como se fosse uma novela do Manoel Carlos; o que eu fico realmente irritado é quando os próprios brasileiros(principalmente os que se dizem intelectuais) afirmam ser este o país simplesmente da preguiça, caipirinha e carnaval. É quando me dou conta do quão cercado de idiotas eu estou.

Repito a pergunta: você sabe o que é Brasil? Sabe o que é cultura brasileira? Você sabe o que foi a semana de arte moderna de São Paulo? Sabe o que é a festa do Boi Caprichoso, do Amazonas? Você sabe que em uma metrópole do Brasil chamada Curitiba povos como ucranianos, japoneses, alemães, poloneses e africanos convivem em perfeita harmonia? Sabe quem foi Villa-Lobos? Carlos Gomes? Menotti Del Picchia? Já leu Machado de Assis?

Não sou patriota, não mesmo. Mas antes de sair afirmando por aí que neste lugar só existe samba, sacanagem e futebol; pesquise um pouco, nem que seja na Wikipédia, para não falar MERDA!

Thursday, December 03, 2009

Como desaparecer completamente...



Em determinado momento do livro "O Apanhador no Campo de Centeio", clássico da literatura norte-americana, o protagonista, o adolescente Holden Caulfield, depois de uma série de eventos que fizeram-no perder o que restava de sua pouca fé na humanidade, entrou em uma depressão profunda, começou a planejar sua vida fora daquele cotidiano que o artodoava - de idiotas marombeiros maníacos por carros e sexo à pessoas sem noção que pichavam a palavra "Fuck!" numa escola para crianças. A vida que ele pretendia seguir para fugir de todas essas pessoas era se mandar para qualquer fazenda, ser um trabalhador braçal recluso e fingir que era surdo-mudo para nunca mais conversar com qualquer ser-humano. De certa forma, o plano de Caulfield era simplesmente uma negação de sua vida, de suas origens, e acima de tudo; uma negação da realidade. Tanto que em certa passagem, durante este momento descrito, ele pede à alma de seu irmão mais novo falecido "Por favor, allie, não me deixe desaparecer; não me deixe desaparecer"... devido à sensação de estar num processo de desaparecimento lento, descrito por ele. Em essência, é assim que eu me sinto.

Por diversos motivos advindos de um cotidiano insuportavelmente besta, fica mais confortante repetir para si mesmo, como diz o Thom Yorke em uma de suas músicas mais belas - How to disappear completely - "Eu não estou aqui. Isto não está acontecendo... Em pouco tempo, eu já terei sumido". É impressionante o efeito que faz ficar repetindo isto para si mesmo. Não duvide do poder da negação. Rejeitar a realidade faz da existência um lugar mais suportável, pois o mundo não é um lugar seguro, todos nós sabemos disso.

Ironicamente, sempre acreditei no poder de cura do pessimismo. Reconhecer-se como uma insignificante micropartícula diante da imensidão inimaginável do Universo nos faz aceitar a vida de fato e as condições que nos são impostas. E negar o sentido de tudo, acredite, desestressa bastante. A sua e a nossa pseudo-felicidade(farsas, como todas) não é atingida, mas boa parte do sofrimento inútil nos é subtraída.

Enfim, tudo isso aqui dito não passa daquilo que melhor sei fazer na vida, complicar algo descomplicável: o nada. Encher de palavras para conceituar algo que não se dá para conceituar. Capturar essências vazias no ar e transformá-las em pseudo-filosofia, ou tentar achar algum valor estético na depressão. Mas não posso evitar, acho que nasci para isso, para essas levianidades bobas, pois é mais fácil escrever tudo isto para negar a vida do que vivê-la de fato, menos sofrimento, é a minha forma de desaparecer completamente. Aqui nesta casamata eu me sinto mais vivo e tudo me é permitido.


"A vida é uma perturbação inútil na imensidão de tranqüilidade que é o nada".

Artur Schopenhauer.

Thursday, November 26, 2009

Há uma sociedade que ninguém invade


"Eu li em algum lugar que... o importante na vida não é necessariamente Ser forte, mas se sentir forte".

“Há um tal prazer nos bosques inexplorados;
Há uma tal beleza na solitária praia;
Há uma sociedade que ninguém invade,
Perto de um mar profundo e de música de seu bramir;

Não que eu ame menos o homem, mas amo mais a natureza...”.


Errado é você que pensa que a beleza da vida se extrai das relações humanas, meu caro...



Tuesday, November 17, 2009

Retorno ao sentimentalismo barato

Este será um breve retorno ao início do blog, período em que o sentimentalismo barato reinava por aqui.

Cansado de ser um total desastre em obter êxito diante do sexo oposto.
Eu já até abandonei a teoria pedestáltica, meu.

"I don't wanna be your friend, i just wanna be your lover"

E sempre vem a mesma desculpa "eu te amo como amigo só; mas você é fofo e vai achar logo uma garota legal".
Droga, em vez de dizer isso porquê a cidadã não pega um lança-chamas e me atea fogo? É menos constrangedor.

Desabafo nerd imbecilóide este, mas eu realmente não estou com criatividade alguma para escrever textos. Ah, foda-se. Eu odeio o mundo e tudo que está inserido nele.



"- A Vida é uma bosta.
- Então por quê você ainda está aqui?
- Porque eu sou uma bosta também.
- Rapaz, não há sentido algum em viver fazendo somente as coisas que você odeia! Desse jeito você não consegue aproveitar a vida! E fazer coisas como: compartilhar a felicidade com um verdadeiro amor, ter uma carreira bem sucedida, e passar seus dias na Terra estando satisfeito com si mesmo...
- E você consegue isto? Alguém consegue? Você consegue alguém no mundo capaz de ter isso tudo? Claro que não, porra.

- Idiotice! Seja agradecido por sua vida, cara! Você mora numa casa boa, tem uma família decente, comida na mesa, faculdade... Tem tanta gente passando fome nesse planeta, vivendo na mais completa miséria, então porquê diabos você não consegue ser feliz?

- Então, eu acho que se eu ficasse satisfeito com a vida simplesmente por estar me saindo bem nessas coisas, considerando todas estas pessoas desafortunadas e miseráveis... bem, eu acho que seria uma maneira bastante egoísta de enxergar a minha existência, não achar?

- Ah, foda-se, desisto.
"

J.F.

Saturday, November 14, 2009

Espaço: A Fronteira Final




Na minha humilde opinião, o acontecimento mais legal da Cultura Pop em 2009(e talvez da década), foi, sem dúvida alguma, a renascença de Star Trek(Jornada nas Estrelas) nos cinemas, com o novo filme, de mesmo título. Não só pelo fato de ser MUITO MUITO MUITO legal se apreciar os limites da humanidade diante de uma ópera espacial de ficção científica muito bem trabalhada, por meio de personagens maravilhosos como o Spock, o Dr. McCoy ou o Capitão James Kirk. Mas sim porquê é disto que nós, seres-humanos, estamos precisando, sobretudo eu.

O mundo da arte, a literatura e o cinema se encheram, especialmente nos últimos 15 anos, de Distopias Futuristas, obras que tendem a mostrar o futuro como se prevalecesse o lado obscuro da humanidade. Em que as mudanças atuais da sociedade, a longo prazo, nos trouxessem efeitos malígnos irreversíveis no nosso cotidiano. As metáforas utilizadas em Blade Runner,
Matrix e Terminator profetizam um homem cada vez mais desumano, em decorrência do materialismo científico, que nos transforma em simples máquinas, regadas à avanços tecnológicos cada vez mais crescentes; e então perdemos, de acordo com as obras citadas, todas as características que nos tornam Humanos.

Mas para finalmente podermos ter um suspiro de otimismo, a saga de ficção científica mais Humanista de todas, volta, com um ótimo filme. Sério, cara, deu uma baita felicidade de ver aquele filme no cinema, e todos os personagens voltarem com suas características marcantes irretocáveis.

Star Trek surgiu como uma série de TV(e mais tarde se tornaria também uma série de longa-metragens), na década de 60, durante as lutas por Direitos Civis, nos Estados Unidos intolerante e racista, que gastava uma alta grana em armamentos(era a Guerra Fria) e na Guerra do Vietnã. Mas quando o programa iniciou, esta apresentava uma sociedade utópica convivendo
em plena harmonia na missionária nave da federação, a Enterprise. O total inverso do planeta àquela época.

Havia o Spock, um mestiço, metade humano metade vulcano, a negra Uhura, o russo
Pavel Chekov e o oriental Hikaru Sulu; todos contribuindo para o perfeito funcionamento da Enterprise. Imagine o que era colocar mestiços, brancos, negros e russos num mesmo lugar na época, e nos Estados Unidos do final dos 60's. Enquanto no mundo "real" norte-americano, negros e brancos viviam uma quase Guerra Civil e no contexto geopolítico mundial, os russos lideravam o bloco comunista oriental para aquela que seria a Guerra Nuclear que nos destruiria; na Enterprise, estes personagens conviviam em sincronia perfeita e utópica, guiando a humanidade espaço afora visando descobertas e conquistas. Não conquistas como a que os americanos almeijavam no Vietnã, mas conquistas com uma abordagem crente em valores como a democracia e o iluminismo, que se fortaleceriam com a tecnologia, e não seriam deturpadas por esta.

Humanismo, racionalismo, iluminismo. Estas são as características de Star Trek que nos apresentam uma visão mais otimista do futuro do ser-humano, e que estão de volta com o novo filme da série, lançado este ano, um baita filme. Não é de se admirar que o Barack Obama, um homem fruto destas ideologias e das lutas por direitos civis nos EUA, seja um fã declarado da série.


Falando em Iluminismo; este que foi descrito em Star Trek de maneira que quase nenhum filósofo francês do século XVIII o fez de forma tão maestral. Além da sociedade utópica em que etnias e povos diferentes convivem em harmonia na Enterprise, o Spock cumpria o papel de defensor dos ideais iluministas, sendo o homem racional proposto por filósofos como Immanuel Kant. Um indivíduo guiado pela Lógica e pela Razão(na série, a doutrina vulcaniana era a representação do racionalismo).
Ele é a personificação do perfeito pensador racional, fruto dos ideais iluministas da superioridade da razão e da ciência.

Não há outra maneira possível de se encerrar este texto que não com as palavras do próprio Spock
:


Vida Longa e Próspera!


Thursday, November 12, 2009

Antes os cães aos bastardos.


Assisti a Bastardos Inglórios nesses dias, filme novo do Quentin Tarantino, e como sempre acontece com as películas deste diretor, tornou-se um dos mais esperados do ano.

Bom, quando se fala em uma estória "sem pé nem cabeça", não está se referindo ao fato de um filme ser mentiroso ou exagerado, até porque quem vai vê-lo, sabe que se trata de ficção, envolvendo a verdade em si ou não. "Sem pé nem cabeça" é quando um filme apresenta uns fatos, no geral, bobos, sem interligação entre si e que não seguem nenhuma lógica ou precisão histórica. É isto que Bastardos Inglórios é: um filme com um roteiro cheio de informações toscas e bobas, que não se preocupa em explicá-las ou interligá-las, que não seguem um silogismo e não têm absolutamente nada a ver com os fatos históricos.

Mas é claro que eu sabendo que era um filme do Tarantino, fui ver o filme ciente de que não seria um documentário histórico, e que muito dali seria fruto da imaginação ilimitada do criador da história, mas o defeito não é esse, longe de ser; é só que é um filme bobo, que tenta ser cool a todo o custo, cheio de caricaturas velhas e sem-graça e que tem como principal proposta caçoar os nazistas. Inverter o papel clássico do cinema: fazer com que os judeus humilhem os nazistas, em vez do inverso, que é tão usual em Hollywood.

É isto, e tem tanta gente dizendo por aí que se trata do melhor filme do ano e a baboseira toda. Nem adianta criticar tal filme, pois todos estes supostos defeitos que apontei aqui, frutos da minha humilde opinião e raso conhecimento em Cinema, são todos convertidos em "genialidade inovadora, rompendo com as estruturas velhas e ultrapassadas do cinema" pela imprensa baba-ovo, só por se tratar de um filme da marca TARANTINO. O fato é que se não fosse um filme do cara, passaria apagado, e ficaria no esquecimento, de tão notável que é a falta de qualidade da película.

Mas ouse criticar negativamente, vão te chamar de quadrado.

Dica: veja Cães de Aluguel, primeiro filme do atual "rockstar" Quentin Tarantino. É a sua verdadeira obra-prima. Sem Brad Pitt, sem estrelismo, sem hype, só um filmão do bom.

Wednesday, November 04, 2009

Coletânea


Um texto sem reflexões pesadas dessa vez, ufa...
(:

Enfim, este blog vem recebendo um pouco mais de visitas, até porque eu tenho o divulgado mais, então, neste post, vou dispor aqui os links diretos para os meus textos favoritos que estão no arquivo.

http://futurismoparanoide.blogspot.com/2009/03/uma-semana-em-arco-iris.html
(Uma semana em arco-íris)

http://futurismoparanoide.blogspot.com/2009/09/era-de-gelo-esta-chegando.html
(A Era de Gelo está chegando!)

http://futurismoparanoide.blogspot.com/2009/08/ninguem-aguenta-um-mundo-ainda-mais.html
(Amirável Planeta Novo)

http://futurismoparanoide.blogspot.com/2008/11/ensaio-sobre-o-isolamento.html
(Ensaio sobre o Isolamento)

http://futurismoparanoide.blogspot.com/2009/10/orgia-bugia.html
(Orgia - Bugia).

Ficarei um período sem postar textos novos, devido a ocupações pessoais e até para dar tempo de um bom número de pessoas poder ler os que postei aqui.

Bom novembro para todos!

Friday, October 30, 2009

Petrocalypse


O demônio possui vários nomes. Besta, Lúcifer, Satanás, Princípe das Trevas, Mephistopholes, e por aí vai... Mas na atualidade, neste século, nenhum nome para ele é mais apropriado do que Petróleo. Sintetizando a idéia: A Indústria do Petróleo é uma das principais filiais(se não a Matriz) do Mal Absoluto.

Talvez os grandes industriais do Petróleo, os donos dos cartéis de bancos mundiais e os chefes da indústria bélica sejam os formadores da Demoníaca Trindade.

Mas enfim, eu não quero chegar a lugar algum com esse texto sobre o Petróleo. É só uma forma de esquematizar o motivo de eu achar que comprar gasolina para abastecer o carro é o ato mais desumano do nosso cotidiano.

Tudo começa com um lugar chamado Estados Unidos da América. Este país, o mais poderoso do mundo, mantém seu poder e sua economia por meio de dois instrumentos: A Guerra e o Consumo. E um complementa o outro. Todos estão carecas de saber que a sociedade americana é consumista ao extremo, e um dado que aponta isto é que mesmo Os EUA sendo o TERCEIRO país que mais produz Petróleo, é também O PAÍS QUE MAIS IMPORTA. Todo os recursos que eles têm por lá são insuficientes... Precisam de mais, e mais, e mais. Principalmente para sustentar a indústria, que aquece a economia. Este dado mostra quão grande é a dependência que os Estados Unidos têm do Petróleo.

A história fica mais interessante quando observamos que os países que mais exportam Petróleo são os países árabes, no oriente médio.

"Fanáticos religiosos, anti-ocidente, misóginos, desrespeitadores dos direitos humanos... Ai, esses árabes." Se essa é a imagem que você tem dos árabes ou dos muçulmanos, caiu direitinho no que a mídia quer impor na cabeça dos ocidentais para assim justificar a "Guerra contra o Terror", uma guerra iniciada por George W. Bush, sem pé nem cabeça, para deter o fundamentalismo terrorista islâmico.

O que você provavelmente não sabe é que o caos no oriente médio e todos estes ataques terroristas que você vê nos noticiários são financiados pelos americanos, seja no governo Bush ou Obama. Seja apoiando uma família real corrupta e parasita na Arábia Saudita ou depondo o Saddan Hussein para instalar um governo pró-USA no Iraque, a Indústria do Petróleo financia governos no oriente médio, indiretamente, que formentem o caos, aumentem a corrupção e etc. Por quê? Para não se criar uma economia real, forte, ou unificada. Para que diante de toda a bagunça por lá, entre os árabes selvagens, os EUA sejam os únicos a lucrar com um Petróleo vendido à preço de banana. Para que quando este "ouro negro" acabe, todos estes países continuem miseráveis e sem ter aproveitado as oportunidades que tiveram, e assim os Estados Unidos da América continuem imponentes no papel de "País mais poderoso do Mundo".

A conclusão óbvia e lógica que podemos tirar logo de início é que tanto a Guerra contra o Terror quanto o próprio Terror em si são consequências do Petróleo, e incentivados por sua indústria. Mas não acaba por aí...

Como combustível fóssil que não-renovável que é, o Petróleo é o principal causador do aquecimento na atmosfera e das consequentes catástrofes ambientais. Pois seu carro movido à gasolina e as Indústrias que são movidas a petróleo emitem quantidades absurdas de CO2, e o resto da história você deve saber né?

Guerras ao longo das últimas décadas, Terrorismo, dezenas de milhares de mortes, degradação ambiental, poluição, queda da qualidade de vida...

O que mais falta? Crises Financeiras.
Já passamos por uma Crise econômica do Petróleo, nos anos 70, mas a provável maior crise econômica da história está prevista para o momento que este combustível, já que não é renovável, se esgotar. Poderíamos evitar a catástrofe total se estivéssemos nos preparando para uma independência gradual do Petróleo, mas não. Apesar das políticas ambientais e econômicas que estão sempre incentivando e divulgando o uso de energias renováveis, com fontes como a eólica, biomassa, hidrelétricas e etc; o que é mais comentado pela mídia é que um certo país na América do Sul pode se tornar a nova potência emergente do cenário econômico mundial, depois da descoberta de um número enorme de poços de Petróleo na camada Pré-Sal.
Independência? O fim do mundo começa aqui.

Não adianta de nada tentar mudar o rumo da coisa. Provavelmente ninguém leva a sério este assunto como se deve... mas este foi um texto só para mostrar exatamente o que se está financiando ao colocar gasolina no seu carro.

=(

---------
Dicas de filmes sobre o assunto:
Syriana
Sangue Negro(There Will Be Blood)

Monday, October 26, 2009

Orgia - Bugia


Algo no mínimo engraçado aconteceu nos últimos dias que me fez realmente refletir sobre a capacidade que alguns indivíduos brilhantes têm de prever o futuro da humanidade. Recentemente eu concretizei meu desejo de ler "Admirável Mundo Novo", do inglês Aldous Huxley.

Escrito em 1932, a obra narra um hipotético futuro a partir de uma visão aterrorizante e ousada onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a obedecerem às leis e os costumes estabelecidos pela ordem vigente. A sociedade que Huxley cria não possui mais instituições como família, religião e casamento; tudo é regido simplesmente por um sistema de regras que os indivíduos são condicionados desde o embrião para que aceitem-no.

Pois bem, não pretendo fazer nenhuma resenha sobre o livro(já existem muitas internet afora), só que umas das coisas que mais me chamou atenção na amedrontante, pessimista e monstruosa visão do autor foram as seguintes: as pessoas na sociedade prevista por Huxley, em qualquer situação de dúvida, desespero ou insegurança, recorriam a uma droga fornecida pelo Estado - a "soma"; este entorpecente era de extrema necessidade, para que a harmonia e a ordem social fosse mantida, os cidadãos se mantivessem apáticos e conformados e assim o sistema vigente continuasse a imperar. E a outra questão que me chamou bastante atenção foi que neste mundo, o sexo avulso e casual era incentivado, pois "cada um pertencia a todos", havendo até "rituais de solidariedade", que era um momento em que um grupo de pessoas utilizavam uma sala(sendo 5 homens e 5 mulheres) e entravam em estado de transe, através do uso da droga soma mais o canto de hinos e a repetição das palavras "Orgia - Bugia". Orgia - bugia, orgia - bugia, orgia - bugia. Então o bacanal começava.

Isto em 1932. O cara ter viajado num lance destes. Visionarismo pouco é bobagem. Considero o livro algo muito distante de simples ficção ou um pensamento paranóico. Tanto que diversas amostras já nos nossos dias apontam que o comportamento humano se encaminha à formação do mundo previsto por Aldous Huxley, como uma que presenciei recentemente.

Me empolguei tanto com o livro que o li em um dia. E na noite de sábado que eu o terminei, encontro dois amigos que estavam voltando do maior festival de música da cidade. Perguntei como tinha sido, e eles detalharam, mas falaram que uma das melhores partes, foi durante a apresentação da banda Copacabana Club, que representa todo o grupo novo de pseudo-roqueiros moderninhos demais e coloridos demais.

O momento que eles disseram ter gostando tanto foi quando durante o show, a vocalista, extremamente sensual, repetia, no refrão do hit da banda: "Sex Sex, Tonight!". Sex Sex, Tonight. Sex Sex, Tonight. Então quando eles perceberam, a "pegação" se espalhou entre o público, e logo estavam no meio do esfrega-esfrega de peles e línguas. E claro que, formentado por muito álcool e drogas que eles haviam consumido no dia.
Orgia - Bugia.

Creio que falta muitíssimo pouco para que a visão de Huxley se torne realidade absoluta. Pois ao menos em parte, ela já é o nosso cotidiano. O horror. O horror.


"Oh, maravilha! - dizia; e seus olhos luziam, o rosto corado se iluminou. - Quantas criaturas adoráveis há aqui! Como é bela a humanidade!(...)


Oh! Admirável mundo novo! - repetiu. Oh! Admirável mundo novo onde vivem seres assim!"


Thursday, September 17, 2009

A Era de Gelo está chegando.



A Era de Gelo


"Futurismo Paranóide". Assim é intitulada esta página da internet que pela qual, eu costumo devaniar para quem quiser ler (alguns poucos).
Este título não surgiu simplesmente do nada. Além de serem duas palavras que gosto, e acho bonitas de se pronunciar, representam um pouco da minha mentalidade; minha obsessão com o futuro, de pensar nele, tanto no meu quanto no da humanidade, ou do universo. Além disso, relendo todos os meus textos passados aqui nos arquivos, percebi um teor sempre presente quase que apocalítico, em relação ao que estar por vir para todos nós. Minhas opiniões não costumam ser muito otimistas. E da idéia de um caos reinante em nossas mentes e em nosso cotidiano surgiu o 'paranóide' do título. E neste próximo "capítulo" de minha coletânea de pensamentos tentarei sintetizar e explicar um pouco este tamanho pavor do monstro do armário, que talvez nem exista... como é de costume nas mentes das criancinhas amedrontadas antes de dormir.

Escrevo este texto no ano de 2009. Nas primeiras engatinhadas do século XXI, e vivemos no mundo Pós-Moderno. O início da Era Pós-Moderna foi marcado por acontecimentos como o fim da Guerra Fria, o declínio do comunismo, e solidificação da democracia liberal no ocidente, como consequência da hegemonia dos Estados Unidos da América, diante de seu poder militar, que os deu tantas vitórias em guerras durante o século passado. O homem que vive nos dias de hoje, diante de todos estes acontecimentos, segue cada vez mais um tendência, que é o declínio gradual na crença nas velhas ideologias e nos valores do mundo moderno. Todas as teorias que prometiam um mundo perfeito e guiar o ser-humano até a sociedade ideal falharam. Filosoficamente, começou com o Niilismo. O fim do sentido. E todas as ideologias, de acordo com os niilistas, seriam apenas manifestações da vontade individual de cada um, que estaria defendendo apenas seu interesse particular, conscientemente ou não. Logo, defender uma idéia não tem surtido o mesmo efeito que tinha no século passado. O individualismo surge simplesmente como um instinto humano(que pode ser disfarçado com a solidariedade e o altruísmo) e não mais como um valor.

Quando Nietzsche afirmou que Deus morreu, aquilo era só o início. Em menos de cem anos foi presenciada a morte de Marx, de Adam Smith, de Hitler e seus coleguinhas, de Keynes, e até Jesus Cristo tem perdido sua força por essas bandas.
Vimos o comunismo ruir, e a única imagem que nos legaram foi a da pior forma de totalitarismo que o mundo já presenciou. O Nazi-Fascismo foi destruído com o triplo da velocidade que ascendeu. Quando o mundo quebrou, fincanceiramente, em 1929, parecia que o keynesianismo e seu Estado investidor vinham para salvar a todos. Balela. A ordem mundial, liderada por Ronald Reagan e Margaret Tatcher, instaurou o liberalismo econômico que, por uns instantes, parecia mesmo ser o caminho certo. Até que em 2008, diante de uma crise financeira global e devastadora, o novo presidente americano Barack Obama anuncia a medida da injeção de bilhões de dólares do Estado na economia e a compra de parte da maior produtora de automóveis do país; e durante o mandato do presidente Bush, constata-se o desrespeito aos direitos humanos, o autoritarismo e a intolerância sendo praticados por quem mais os combateu teoricamente: os democrata-liberais cristãos da América. Fim do Estado-mínimo. Morre a última promessa, o liberalismo. E como acreditar nos homens que professam a palavra de Cristo quando vemos o enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e a prática da mais cruel forma de alienamento sendo cometidos por donos de Igrejas cristãs?

Diante da morte do sentido, e da descrença na pureza de qualquer idéia, emerge o novo homem. O homem que sou eu, o homem que é você. Indiferente. Niilista. Cínico.

Não é uma opinião exagerada afirmar que pouco a pouco, a vida tem perdido o sentido para a humanidade. E é bastante fácil de constatar a desistência em achar uma nova teoria que explique nosso papel aqui ou que prometa nos guiar no caminho certo. Não há muito a ser argumentado quando observamos que, devido ao fato de serem os primeiros lugares a sentir o efeito do pós-modernismo, os países desenvolvidos e de Índice de Desenvolvimento Humano altíssimo são os que apresentam as maiores(e assustadoras) taxas de suicídio. O que levaria milhares de jovens inteligentes, bem-sucedidos e habitantes de cidades com padrão de vida invejáveis a tirar a prórpria vida?
A certeza de que esta não leva a lugar nenhum, e que o único fim do meio que é a vida, somos nós mesmos.

É como eu já constatei em textos passados, parafraseando o filósofo argelino Albert Camus, "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia".

O fato é que o novo caminho do ser-humano, e aonde estamos chegando com isto, nunca esteve tão confuso. Com tanta poluição, caos e violência urbanos e degradação ambiental demasiada; crer que o apocalipse está próximo deixa de ser um comportamento paranóide para se tornar uma atitude lógica. Diante de uma situação de uma crise destas, sempre havia aquela clássica pergunta de filmes de super-heróis: "Oh não, e agora, quem poderá nos defender?". E então uma super-teoria filosófica/política/econômica ascendia visando salvar a humanidade de qualquer que fosse a sua ameaça. Mas essa era passou, e não cremos mais em super-heróis. O homem indiferente dos dias de hoje assiste ao jornal da noite, com as notícias de um genocídio e de cidades que foram arrasadas por catástrofes ambientais(casos que têm se tornado cada vez mais comuns) e continua a jantar normalmente. E aquelas são só algumas diante do enorme número de tragédias no nosso planeta que ele recebe notícia durante a semana.

Um suicídio coletivo. É isto que nos espera. Quando vejo o comportamento nosso diante das notícias de que o mundo está nos expulsando(já que estamos servindo de empecilho ao funcionamento adequado do equilíbrio ecológico) a única palavra que me vem à mente é "suicídio". Exatamente pelo mesmo motivo de um jovem dos dias de hoje tirar a própria vida: pois esta não faz mais sentido. Não adianta mais levantar nenhuma bandeira. E aparentemente, nunca adiantou. Por qual motivo um indivíduo, habitante de uma metrópole, que não tem filhos nem pensa em ter, que vive pela obtenção de dinheiro, bens materias, e prazer imediato nesta nossa sociedade consumista e hedonista ao extremo, pensaria em proteger o nosso planeta? Ele simplesmente não tem motivo. Nem mesmo descendentes para que possa legar um lugar melhor. É claro, isto é só um exemplo.

É como diz o Dr. Manhattan, personagem superpoderoso de uma das melhores obras literárias do século passado; "Watchmen", do inglês Alan Moore. Ao implorarem para ele salvar o mundo, diante da iminente guerra nuclear que estaria por vir, ele responde, estóico: "Por quê eu salvaria o mundo se eu não tenho mais nenhuma esperança nele?", e ainda continua, niilista: "Talvez a existência de vida no planeta seja um fato superestimado por nós. O planeta Marte se vira muito bem sem nenhum organismo vivo para atrapalhar".

Pouco a pouco, é este o comportamento que estamos tomando.


Estoque comida. Construa um bunker. O monstro do armário existe. Somos nós mesmos.

Saturday, September 12, 2009

Muse - The Resistance



Como não poderia deixar de ser, vazou nesta última semana o cd mais recente do Muse, "The Resistance".
Considero o Muse uma das melhores bandas da atualidade, e talvez a melhor das que apareceram na grande mídia de 2000 para cá. Em suas obras, cada vez mais o som da banda tem tomado um rumo épico e progressivo. E este cd é a consagração disto.

Ouvindo durante estes últimos dias, a primeira percepção que eu tive é que as distorções exageradas de guitarra do vocalista/guitarrista Matthew Bellamy foram abolidas. Dê adeus à músicas como Plug In Baby, Hysteria, Stockholm Syndrom, New Born. Mas se você gosta das músicas do histórico da banda que possuem uma dose exagerada de heroísmo, romantismo e até megalomania, como Knights of Cydonia, Invincible, Apocalypse Please e Space Dementia; este será seu cd favorito.
Como já era de se esperar, esta é a obra mais progressiva da banda. E o instrumental é o mais bem trabalhado de todos os cds do Muse. Incorporam-se à banda elementos definitivos de música erudita. Havendo no cd até uma sinfonia dividida em três partes(Exogenesis). O resultado é um album extremamente bem trabalhado, nos parâmetros da música pop contemporânea. Palmas para o Sr. Bellamy.

Deixando um pouco o instrumental de lado, "The Resistance" é um album temático. Clama por um hipotético levante popular que objetiva subverter a ordem, depondo burocratas corruptos e autoritários do poder. Claro que não se resume à isto apenas... Na música "United States of Eurasia", fica claro também o ideal humanitário e libertário por trás das canções, com citações como "Why split these states? When there can be only one." (Por quê dividir estes territórios? Quando eles deveriam ser apenas um.)

Porém, não são só elogios. É bem evidente a intenção, neste album, de dar uma textura mais pop às músicas(mesmo com um som mais trabalhado), visando - na minha opinião certeiramente, uma popularidade maior ao Muse nos Estados Unidos da América, já que esta popularidade fica mais restria à Europa e seu circuito de grandes festivais. Este não é um ponto exatamente negativo... mas uma intenção destas por trás das músicas podem limitar bastante a criatividade do artista, e acontece isso neste caso, em algumas poucas vezes. Como assim? Limitada como?

A tal clamada revolução, a resistência, que o Muse chama... talvez seja algo muito vago.
Isso é tão século XX!
Hitler, Stálin, Mussolini e todos estes líderes totalitários; eles estão todos mortos. É claro que o autoritarismo não morreu, é claro. Mas fica muito estranho de ver uma banda inglesa, de caras atualmente ricos, com turnês milionárias e mansões em cidades italianas... reclamar pelo fim do Sistema que os colocou no topo. O mesmo Sistema que os fez ricos. E adorados por milhares de fãs.
Cabem outras interpretações também. Poderia ser uma crítica ao governo Bush. Mas já estamos em 2009. Já estamos na Era Obama. Se quiser ciritcá-lo, ok. Mas deixa completar ao menos um ano de mandato. E para quê repetir a "tecla bush" se o próprio Muse já fez isso em 2007, com o Black Holes and Revelations? Quando o Radiohead já fez de forma maestral e messiânica, profetando o futuro, em Amnesiac(2001) e Hail To The Thief(2003)? É chutar cachorro morto.

Talvez o ponto que estamos analisando aqui é que ser subversivo vende. Estamos numa época em que grifes de roupas caras produzem camisetas com o rosto do Che Guevara. Acho que tem um pouco disso em "The Resistance". Clamar por essa revolução absurdamente vaga sempre agradou aos jovens. E nunca vendeu tanto.

Ou então - Eu prefiro acreditar nesta hipótese - A Resistência que o Muse aborda seja apenas uma metafóra. Seja a Resistência de cada dia. Seja a Resistência que, um fã brasileiro, ao ouvir o album, possa se inspirar um pouco mais à resistir dos atos tiranos dos senhores malígnos de Brasília. Resistir e derrubar do poder pessoas como José Satanás Sarney e seu exército de senadores psicopatas ou o Porco Autoritário que é o Presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Talvez a Resistência, a Revolução, seja apenas o fato de ter a coragem de matar um leão por dia, buscando uma sociedade mais digna.

"They'll try to push drugs Keep us all dumbed down and hope that We will never see the truth around(...) They will not force us They will stop degrading us They will not control us And we will be victorious"

[Eles tentarão nos empurrar drogas,
Nos manter estúpidos, para que assim
Nós nunca possamos enxergar a verdade nisto tudo.

Eles não irão nos vencer.
Eles irão parar de nos humilhar.
Eles não irão nos controlar.
Nós sairemos vitoriosos.]

Tuesday, September 08, 2009

Desastre bípede debaixo de carne humana.


Nos próximos dias estarei completando duas décadas de vida. Nada demais.
Todos os dias te oferecem as oportunidades de agradecer ao universo pelo simples fato de estar vivendo(ou não...).

De qualquer forma, devido ao simbolismo da data (vinte anos), não dá para não se pensar e analisar todo o caminho até aqui. Afinal, não há muito o que fazer quando se está num ônibus parado devido ao engarrafamento e você não vê nada além de pessoas desapontadas com a vida andando pra lá e para cá, carros andando em velocidade lenta, motoristas reclamando do tráfego e barulhinhos insuportáveis de choro de criança, motores de automóveis, sirene de ambulância e conversas paralelas; que não seja pensar na vida.

As conclusões são poucas, quase nenhuma. De fato, não sei como uma pessoa como eu pôde ser tão sortuda durante toda a vida. Muito me foi dado. E eu nem sei como retribuir ou agradecer(ou se devo). Enfim... todas as chances me foram dadas. Acho que o universo conspira a favor de minha pessoa. Infelizmente, me tornei, com o decorrer dos anos, incrivelmente ineficiente e incapaz de aproveitar tais oportunidades... Such a loser.

Não sou homem. Sou decepção antropomórfica. Um desastre bípede debaixo de carne humana.
Gostaria de simplesmente existir mas não mais provocar decepções nos outros nem sentimentos de tristeza em mim. Não mais sentir. Desaparecer completamente sem deixar vestígios. Uma morte metafísica.
Queria poder ir sumindo aos poucos e levar comigo todas as poucas memórias de minha pessoa que deixei em cada um. Amo demais cada um para suportar a idéia de sempre decepcioná-los.

Todos que depositaram alguma esperança em mim; família, amigos, mestres, e principalmente meus pais: Só peço perdão por ter causado tamanho desapontamento nestes últimos vinte anos. Não foi a minha verdadeira intenção. Só quero que vocês esqueçam da minha existência para que eu não mais incomode ninguém. Assim eu poderei criar asas.

"E um dia, eu criarei asas.
Uma reação química.
Histérica e inútil. Histérico e...
Deprimido e abandonado...
Esmagado como um inseto no chão."

O mais vazio dos sentimentos. Quando ele vem é tão... tão... decepcionante.

Tuesday, August 18, 2009

Admirável Mundo Verde


Tenho noção de que este blog é pouco lido. Alguns poucos acompanham. Porém, não deixa de ser uma forma de manifestar minha opinião e, por isso, conseguir formar outras opiniões, ou o mais importante: formar ações. Mesmo que apenas uma, ou quase uma, já é algo, diante das circunstâncias em que o mundo vive. Assim eu penso.

Milhões de brasileiros se agradam ou desagradam do nosso Presidente ou qualquer governante por atos que eles tomam, como em relação à economia, mobilidade urbana, educação e saúde. E estão certíssimos. Na verdade, deveriam se importar até mais com isto, tomar mais medidas e serem menos apáticos. Mas enfim... numa eleição, o que mais conta para os eleitores antenados dos dias de hoje são as propostas e ações do candidato em relação à medidas que afetem o bolso do contribuinte e a qualidade de vida do brasileiro. Bem como não poderia deixar de ser.
Não falarei em nome de qualquer político ou acusarei outro... mas existe algo que não interfere diretamente ou à curto prazo na sua vida, mas vai interferir. Ou na sua vida ou na vida dos seus descendentes. Um exemplo destas ações que quero lembrar-vos:

O últimos governos brasileiros cederam concessões à grandes empresas, nacionais ou estrangeiras, na Amazônia para a devida exploração desta. Retirando matéria-prima indevidamente, queimando a floresta(ato responsável por mais da metade das emissões de dióxido de carbono - CO2 - no país), criando fazendas para a pecuária e criação de soja para o alimento do gado. Até o minuto em que você terminar este texto, um maracanã e meio terá sido desmatado na Floresta Amazônica brasileira.
Em outras palavras, a Amazônia foi quase que privatizada pelo governo para que os empresários fazam uso dela da forma que bem entenderem(como se já não bastasse as quantidades hiper-alarmantes de emissão de CO2 pelas indústras dos "mesmos" empresários, que acelera o processo de mudanças climáticas e aquecimento global).
É claro que as matérias-primas de um país devem ser usadas em prol da evolução de seu povo, sua economia, e etc. Mas usadas devidamente, de forma Sustentável. Que não prejudiquem e comprometam a qualidade de vida de nossa geração e da geração futura. Não falo de um apocalipse no dia de amanhã - o que pode acontecer. Falo do ponto de vista ético.

Falar de uma questão como esta é difícil num mundo em que todos sonham em fazer parte do modelo americano de vida e seu exagero enorme de consumo e obtenção de bens. É o que os gregos clássicos chamavam de
Hybris. A arrogância e ambição, a super auto-valorização de algo/alguém, que tende a levar o indivíduo à auto-destruição. Isto que está acontecendo com a nossa sociedade. Em escalas gerais e individuais. Pense um pouco. Viver de forma sustentável não é ser eco-chato. É buscar a auto-suficiência, estar satisfeito e não mais inseguro e com ambições de se afogar num rio lamacento de dinheiro e poder. Em vez de você e cada um de seus três amigos irem ao jogo de futebol num carro diferente, porquê não todos irem no mesmo carro? É mais lógico, rápido, prático, saudável, divertido e ainda: ecologicamente correto.

Por mais que nos últimos anos tenha havido um afastamento dos jovens em relação à política, mesmo que um texto como este não venha a influenciar em quase nada, já é uma forma positiva de fazer política, através da conscientização, para que, nas próximas eleições, priorizar candidatos com propostas e credenciais ambientais(um exemplo: que dêem suporte à idéia de fontes de energia renováveis, algo de extrema relevância); ou, como sei de pessoas que lêem este blog e ainda não votam, tentar convencer amigos e família a fazer isto. Na grande maioria das vezes, os governos só falam em nome dos grandes empresários e industriais que financiaram sua campanha e não do povo, e de certa forma, falta muita vontade política no Brasil e no mundo para se tratar a questão ambiental como se deve, mas pouco a pouco, isto pode mudar.

Preze por quem concilia progresso e sustentabilidade, pois esta não significa abdicar daquela. É num pequeno ato individual de cada um que poderemos mudar o curso da história. Não se esquecer de tomar atitudes cotidianas que não agridam tão fortemente ao nosso mundo. Faça isso por si mesmo.

Saber mais: www.conservation.org.br/

Thursday, July 30, 2009

... Como se fosse fácil.


Ele - Morpheus, o Sonho dos Perpétuos - estava sentado num banco da praça, deprimido, cansado de sua existência e alimentando os pombos; então inicia uma conversa com sua irmã, a Morte.

"- O seu problema é que você pensa muito. (Morte)
-Hã? Como assim? (Morpheus)
-É, isso mesmo! “E se tal coisa não der certo? E se der? E se acontecer diferente do esperado? E se eu tentar isso ou aquilo outro?” Ah, francamente... Você acaba se tornando um porre com tudo isso.
-...
-É, e essas suas reticências também são um porre. Você acaba sendo chato com tudo isso.
-E o que você quer que eu faça então?
-Que você simplesmente viva! Apenas isso...
-Apenas isso... Como se fosse fácil."

Texto retirado de Sandman, obra em banda desenhada do escritor Neil Gaiman.
Ainda não terminei minha juventude, né... mas com certeza 'Sandman' foi uma das obras que mais me marcaram neste período, e acho que será assim por toda a vida.

"Um idiota romântico, com pena de si mesmo... Mas com algum encanto pessoal".

Tuesday, July 28, 2009

Demôniocracia



"Enquanto você faz lindos Discursos,
Eu fui reduzido a cinzas.
Você me dá de comida aos leões...


Quando isso apenas parece com pratos cheios,

E nossos corpos flutuando pelo rio lamacento"

Um salve aos nossos gloriosos líderes em Brasília, senhores de belos discursos e destruidores do respeito civil. Se eu pudesse sintetizar o nosso Congresso Nacional e o Presidente da República em poucas palavras, diria que são simplesmente a definição exata e meticulosa de satanismo. Sem tirar nem pôr.

Não sei qual a lógica de nossa "democracia", em que escolhemos nossos representantes para assim eles poderem brigar entre si por mais poder, desenfreadamente. E, no máximo, qualquer ação do governo que interfira em nossas vidas, é simplesmente para aumentar a burocracia nas relações Estado-indivídio, que deveriam ser reduzidas à pó, visto a total ineficiência dessa instituição.

Hipocrisia, demagogia e "multilateralismo" sendo alegados como Pragmatismo. Só uma amostra do que nossa suposta Democracia se tornou, vamos citar o grupo de políticos com maior representatividade no Poder Legislativo, o partido dos poderosos: O PMDB, que outrora lutara pela volta da democracia no país, hoje é sede de psicopatas, criminosos e megalomaníacos corruptos. Hoje tal partido é só uma metáfora do que é um fenômeno crescente na sociedade nossa: a morte do idealismo, e restando espaço somente para o oportunismo e o individualismo político.

De outro lado, Sindicatos e a UNE são órgãos totalmente vendidos ao governo, que até o presidente do senado eles defendem. E a oposição... a esperança que ainda poderíamos ter, realmente não se mostra mais do que o grupo de políticos igualmente ineficientes que deseja voltar a mamar nas tetas do Estado.

Nesta semana, na Somália, manifestantes atiraram contra 300 congressistas em um ato de protesto. Isto significa que eles estão mais avançados e inteligentes que nós, na África.

Ah, e voltando ao início, naquela definição exata da política brasileira que prometi: O Satanismo de LaVey significa focar a
atenção no avanço hedonista do indivíduo em vez de a focar na submissão a uma divindade ou a um conjunto de códigos morais. Muito semelhante ao nosso Congresso, não?

É a demôniocracia.


Wednesday, July 22, 2009

O Inferno é aqui.


""Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!".

A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, a frase é dita por um vocalista de uma banda que se diz de Forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça.

Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do
forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos, bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado; Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético.

Pior: O falso glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Exatamente como no Brasil. A ascenção do Forró contemporâneo e Bailes Funk são só as manifestações da juventude em um país em que a sociedade encontra-se podre, imunda. Sem valores aos quais se apegar. E uma sociedade com a consciência de que apenas a desonestidade e a corrupção são compensáveis.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste.

Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente.

Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos."
Autor desconhecido.
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Então, restam aos senhores alguma esperança?
Para mim... não. (:

Wednesday, July 15, 2009

Acidentes


"O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia"
Albert Camus, filósofo existencialista argelino.

Decidir se a vida merece ou não ser vivida. Cada vez mais tenho na mente as cores exatas que me guiam à esta resposta.

Você vive... inicialmente como número expoente de algum trabalho inútil. Sabe, os anúncios publicitários e a televisão querem fazer você acreditar que é útil, que faz parte de um quadro social em que todas as mínimas partes são importantes, e és uma delas. Mas você não é, sua existência, se muito, não passa de um dado estatístico nas mãos deles.

Então a decisão de cada um é viver por suas conquistas, simplesmente. Seus ganhos. Veio à tona o individualismo. Pois bem, cada conquista, cada nova aquisição material, cada garota que você se apaixona, tudo... serão futuras perdas, futuras dores; pois tudo que um dia começou, um dia acabará. Então pra quê se esforçar? Acho que é realmente verdade aquilo que dizem, precisamos de idiotices como futebol e hollywood para não nos depararmos com questões fundamentais e nos matarmos, de fato.

O ser-humano é capaz de se adaptar à quase tudo. Quase tudo. Mesmo depois de 200.000 anos do Homo Sapiens, ainda não conseguimos nos adaptar à idéia de que tudo tem um fim. Nos desesperamos com uma morte de algum ente querido, choramos ao fim de um relacionamento, e queremos evitar a nossa própria morte. Besteira, como eu disse... toda conquista sua é uma futura perda. "Nós somos acidentes esperando para acontecer".

Cada vez que olho para um bonito campo florido longe da presença humana ou admiro rios e o oceano, me pergunto qual a falta que a vida humana faria ao universo. Em quê um estacionamento ou um Shopping Center melhoraria no campo florido? ou em quê tubos e aquedutos serviriam a um rio?

A natureza é sinônimo de perfeição, e regula-se sozinha. Os estragos que cometemos serão totalmente anulados por um futuro abalo que(tenho esperanças que sim) visará dar fim à estadia dos homens na Terra, para tudo voltar à seu devido lugar, e a perfeição da vida não ser mais abalada por inúteis vaidade e ambição humanas(exatamente como se o ser-humano fosse um Vírus num grande organismo perfeito que é a Terra). Isso é uma amostra do quanto somos insignificantes. Mínimos.

Como diria Ian Curtis, vocalista suicida da lendária Joy Division:

"Existência, bem... De que importa? Eu existo da melhor forma que posso, não é suficiente. O passado é agora parte do meu futuro. E o presente... está fora de controle".

Friday, June 12, 2009

Como desaparecer completamente e nunca ser achado.


Pulei rio abaixo, e o que vi?
Anjos de olhos negros nadando comigo...
Todas os meus amores estavam lá comigo.
Todo o meu passado e futuro.
E todos nós fomos para o paraíso num pequeno barco...
E não havia nada para temer, nem nada para se duvidar.

Nada para se temer, nada para se duvidar.



Aquele ali. Aquele ali não sou eu.
Eu não estou aqui. Isso não está acontecendo.

E um momento eu já terei ido embora. E este momento já se foi.
Sim, já passou.
E eu não estou aqui,
Isso não está acontecendo.

Eu acho que estou louco, talvez.

Friday, May 29, 2009

A era da fortaleza subterrânea de solidão.


Vamos falar um pouco de filosofia.

Estoicismo, Cinismo e Niilismo. Três doutrinas filosóficas que procuro seguir religiosamente, com o intuito de me situar no lugar em que verdadeiramente pertenço: o ser. Não algo leviano e externo à isso. Antes, uma breve introdução dos três conceitos.

O estoicismo propõe ao indivíduo viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser, evitando os possíveis e futuros males e agruras da vida. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo.

Assim como o estoicismo, outro conceito oriundo da Grécia Clássica é o Cinismo, que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. Em que que a felicidade não depende de nada externo à própria pessoa, ou seja, coisas materiais, reconhecimento alheio, e mesmo a preocupação com a saúde, o sofrimento e a morte, nada disso pode trazer a felicidade. Segundo os Cínicos, é justamente a libertação de todas essas coisas que pode trazer a felicidade que, uma vez obtida, nunca mais poderia ser perdida.

Niilismo é um termo e conceito filosófico que afeta as mais diferentes esferas do mundo contemporâneo - arte, literatura, políticas. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”. Os valores tradicionais se depreciam e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". O niilista simplesmente não toma partido, e se abstém da função de procurar sentido ou a verdade nas coisas.
Um exemplo prático de como um niilista se comportaria é na hipótese seguinte: segunda metade do século XX; a humanidade quase se destrói devido a um conflito ideológico entre capitalismo e socialismo - a guerra fria. O niilista simplesmente nega os valores de ambas as ideologias. Nenhuma delas apresenta o ideal ou a verdade absoluta aplicada ao planeta e à humanidade, pois esta verdade absoluta simplesmente não existe. Qualquer idéia defendida por um ser-humano é fruto de suas experiências pessoais, e este só a defende porque ela o satisfaz, muitas vezes o indivíduo não tem nem noção que está a defender idéias apenas por interesses pessoais e egoístas; é involuntário. O cinismo, o estoicismo e o niilismo negam completamente a existência do altruísmo; é uma falácia. Portando, a defesa dessas idéias e o suposto idealismo tem puramente o objetivo de cumprir os objetivos de quem as defende, individualmente. Idealismo é falsidade.

Tendo como premissa essas três bases filosóficas, o idealismo se reduz às cinzas. O desejo de mudar o mundo ou a humanidade, por muitas vezes acreditar que o homem é bom... desvanesce. A indiferença total às coisas passa a reinar, na mente do estóico, cínico ou niilista; afastados, para olhar e poder analisar de longe, de uma forma mais clara. Toda análise feita de dentro(no caso, de dentro de uma discussão) é infectada por experiências pessoais(empirismo), sendo assim corrompida.

Os melhores artistas, os sociólogos e antropólogos que mais souberam sintetizar a sociedade em sua obra, todos eles, tiveram uma fama de serem reclusos e sociofóbicos. Na verdade, eles só conseguiram êxito numa perfeita compreensão de tudo porque se abstraíram de pensamentos politicamente corretos e se mantiveram afastados do que estavam analisando e estudando. Qualquer experiência pessoal afeta o pensamento. E corrompida está a opinião. A lógica está destruída. A emoção impera.

A auto-suficiência, a completa indiferença às coisas externas ao ser, o total desapego tais coisas e não se deixar corromper por experiências pessoais causadoras de emoção... são coisas impossíveis de se atingir por completo. Porém, é um processo. Quanto mais Cínico, Niilista e Estóico você for, mais ajoelhada e desmascarada a existência estará diante de você, de forma que serás um indivíduo que guiará sua vida, tomará conta de sua existência; e não será mais um que é apenas controlado e cavalgado por suas emoções. Atingir o niilismo extremo é tomar controle da situação. Estando em processo esta transformação, em certo nível, a sociedade aparecerá como um pequeno grão insignificante dentro da grande ordem natural das coisas, que deve simplesmente ser aceita(e interpretada por alguns). Mas o sonhador, que pensa em consertar o mundo, colocá-lo no caminho certo, endireitar tudo... este morreu.

Estamos no Brasil. Na década de 2000. Assassinos não são mais culpados e ninguém mais tem moral. Salve-se quem puder. Construa uma pequena fortaleza subterrânea, prenda-se dentro dela e não se infecte pelas mentiras e hipocrisias de tudo que está fora do ser.
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Quem leu até o final deve estar mais confuso do que numa prova de matemática. Recomendo ler mais de uma vez, o texto.

Wednesday, May 13, 2009

Down is the new up.


Você já viu "Clube da Luta"? Já ouviu Radiohead?
Bom, talvez já tenha feito os dois, mas provavelmente nunca fez os dois juntos. O que é algo que recomendo profundamente. As propostas de ambos, do filme e da banda, são quase que as mesmas. E se você junta o filme tendo como trilha sonora os cds da fase pós-Ok Computer, tem uma obra de arte primorosa.

"Clube da Luta" é um filme sobre o mundo visto com os olhos de um paranóico-esquizofrênico, interpretado por Edward Norton. Em determinada cena do filme, o personagem Tyler Durden, que já virou uma espécie de profeta urbano de nossos tempos, discursa:

"Eu vejo no clube da luta os homens mais fortes e inteligentes que conheci. Eu vejo tanto potencial, e desperdiçado(...) Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra interna e mental, nossa grande depressão são as nossas vidas. Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos ou rockstars. Mas não nos tornamos nada disso. E quando nos damos conta disto, ficamos muito putos!"

Pois essa geração que o Tyler Durden descreveu é sintetizada perfeitamente nas músicas do Radiohead. A banda absorve o espírito dos dias atuais e joga tudo em suas músicas psicodélicas. Com tantas críticas à modernidade, aos valores urbanos da sociedade capitalista, é fácil se perguntar o motivo disto. Já que todos sabem que apesar de todos os problemas da geração atual, ainda é a mais pacífica e harmoniosa dos últimos séculos. Então... por quê um filme como Clube da Luta e uma banda como o Radiohead frequentemente assimilam o século XXI como o início do inferno na Terra? Visto que, aparentemente, a humanidade anda menos pior do que em tempos passados.

Porque, como dito no discurso citado, as maiores tragédias da atualidade não são das relações humanas, e sim as tragédias que ocorrem dentro de nós. Nossas depressões, paranóias, manias, suicídios, decepções, e etc.

Não estamos no meio de uma Grande Guerra, como as da primeira metade do século XX, a nossa guerra é apenas mental, interna.
Não estamos no meio de uma Grande Depressão, como na década de 30, nossa depressão são apenas as nossas vidas.

E esse espírito de... não sei, este espírito da melancolia de viver no mundo por simplesmente estar condenado a existir, é captado perfeitamente tanto pelo filme quanto pelos músicos de Oxford.

"I have no idea what i am talking about

I am trapped in this body and can't get out(...)


Has the light gone out for you?

Because the light's gone out for me
.
It is the 21st century

It is the 21st century!"


(Eu não tenho idéia do que estou falando.
Estou preso neste corpo e não consigo sair(...)

A luz já se apagou para você?
Porque ela já se apagou para mim.
É o século 21.
É o século 21!)

Radiohead - Bodysnatchers

Música totalmente adequada para trilha sonora do filme, pena que foi composta 9 anos após o lançamento deste.

Tuesday, May 12, 2009

Paranóia. Paranóia.


Preciso me acostumar com a vida, o cotidiano.
Mudar de hábitos, adaptá-los, para adiquirir uma visão mais acolhedora ao que nos cerca, inevitalvelmente.

Os barulhos insuportáveis. As idiotices verdadeiras.
A alienação. A nação alienígena.
A paranóia. A certeza.
A fraude. A farsa.
O poder. A destruição.
O pânico. O vômito.
O pânico. O vômito.
Aquecimento global. Milhares desabrigados.
Casas abaixo. Prédios acima.
Genocídio. Infanticídio.
Crise Financeira. Gripe Suína.
Bento XVI. Israel.
Oriente Médio. Rio de Janeiro.
Favela do Alemão. Faixa de Gaza.
50 Cent. Fernandinho Beira-Mar.
Champinha. José Sarney.
Luis Inácio. Isabella Nardoni.
Renan Calheiros. Hugo Chávez.
Barack Obama. Satanás.
Século XXI. INFERNO!

... "Deus realmente ama suas criancinhas".

Tuesday, March 24, 2009

Uma semana em arco-íris.


Foi uma epopéia. Minha saga para ver o Radiohead pela primeira vez no Brasil, depois de quinze anos desde o primeiro single da banda, começou há cerca de seis meses. Juntando dinheiro e acumulando esperanças de uma remota chance de ir. Mas era o que devia ter feito, pois esta é a minha banda favorita desde... não lembro o momento inicial. Talvez quando eu ouvi "Creep" pela primeira vez na minha pré-adolescência. Música esta que virou o hino de todos os jovens introvertidos e de fraco desempenho em relacionamentos. Alguns anos depois, a banda viria a entrar para a história do Rock, lançando cds que misturam guitarras psicodélicas, sintetizadores eletrônicos e letras poéticas e melancólicas. O visionarismo do líder da banda, Thom Yorke, criando uma atmosfera densa e messiância, profetizando um futuro caótico, fez do Radiohead uma das bandas mais cultuadas na história do Rock, algo que muitos desinformados e preguiçosos preferem classificar como música "depressiva". Mas toda essa história é bem conhecida por quem aprecia o Rock, ou a música de qualidade.

1 - A cidade de São Paulo

Cheguei a São Paulo dois dias antes do show. E a minha intenção era conhecer bastante a cidade. A minha impressão primária foi de que era a cidade ideal para o Radiohead tocar, pois combina perfeitamente com alguns dos principais temas abordados pela banda: Paranóia, Existencialismo Urbano, Poluição, e as típicas Pessoas-Formiga. A cidade cinzenta era realmente o ambiente ideal para ouvir Radiohead. Foi a minha primeira vez em São Paulo, e resumindo tudo que senti lá, parece que toda a grandiosidade da cidade e a efervescência cultural da noite paulistana criam um clima que acolhe todos os visitantes. Realmente, deu vontade de voltar mais vezes.

2 - Just a Fest

Depois de um longo engarrafamento e muito andar, chegamos ao local do show, a Chácara do Jóquei. Parecia ser inspirado em festivais ingleses, por causa do bucolismo e da aparente tranquilidade(pessoas deitadas na grama aguardando pelo início dos shows, e etc). Apesar da qualidade da música apresentada, a organização do festival falhou em vários aspectos, o que não vale a pena ser comentado aqui.

E como tinha gente lá... Pouco mais de 30 mil pessoas. E nem todas estavam lá para ver o Radiohead. Quando começou a primeira banda, a cultuadíssima Los Hermanos, parecia que eu era o único, ao menos perto do palco, que tinha ido alí com o propósito principal de ver a banda inglesa. Muitos fãs cantaram e berraram com a volta do Los Hermanos(mesmo que somente para o festival). O show foi emocionante e bonito, e de fato, será uma perda enorme ao rock e à música brasileira de eles acabarem de vez. O setlist foi muito bem armado e eles não fizeram apenas o papel de abrir para as bandas estrangeiras. Muita gente lá já achava ter valido à pena o festival só por causa deles.

Logo após começou a banda alemã Kraftwerk, muito importante para a história da música. Foram os pioneiros da música eletrônica. Acho que, apesar do ótimo show e do público ter gostado bastante do show; diferentemente do Los Hermanos, teve muito cara de "aquecimento para o Radiohead", já que perto do palco, quem estava lá era gente já guardando o lugar para ver a banda principal. Mesmo assim, foi um show inovador e cheio de luzes, muito bonito visualmente e que impressionou quem estava lá. O repertório deles é de qualidade ótima, mas confesso que eu já estava ansioso demais para prestar atenção nos detalhes. Acaba o show do Kratwerk, começam a armar o palco do Radiohead, com o jogo de luzes formando as cores do arco-íris...



3 - Radiohead

Foram anos de espera, e todos lá estavam demonstrando uma cara que correspondia ao tempo inteiro em que a banda não estivera no país.

Entra a banda. Entram no palco os meus ídolos...

E então começam a tocar 15 Step. Não dava para ouvir o Thom Yorke cantar, pois todos estavam grtando. E logo na segunda música, There There, uma das minhas favoritas; a euforia que me toma conta, o calor, a sede e o aperto me fazem passar um pouco mal, mas logo logo "volto à consciência". O momento em que eu passei a me sentir melhor foi quando o show, de fato, começou, na terceira música - Tha National Anthem. A letra da canção parece versar exatamente sobre um espetáculo lotado de pessoas espremidas, e foi exatamente quando a iluminação do show teve início: inúmeros postes de LED dando um visual psicodélico e futurista, casando muito bem visual e som. Com as palavras "Everyone around here, everyone is so near, it's holding on"; de The National Anthem, música do Kid A; Thom Yorke começa a apresentação apoteótica que mais parecia um soco na mente de todos que estavam vendo.

As músicas que se seguiram foram um misto do In Rainbows, cd mais recente da banda, que foi apresentado na íntegra, e clássicos da banda.

Ali você via músicos que realmente se entregavam à arte. Não dava para definir que tipo de show estávamos vendo... O Radiohead apresentou tudo que fez em sua carreira de sete albuns: a música eletrônica e sintetizadores, rock e guitarras altas, folk com apenas voz e violão. Inovadorismo pouco é bobagem. O multi-instrumentalista e maestro da banda Jonny Greenwood variava de seus solos maestrais de guitarra para controllers e synthesizers na hora das músicas eletrônicas, batucou a percussão em There There, tocou os xylophones em All I Need, foi para o piano em Karma Police, e em canções como Climbing Up The Walls e National Anthem e a bela Pyramid Song executou o Ondes Martenot, um instrumento que produz um som ondulante com válvulas termiónicas de frequência oscilatória. Não se vê tamanha criatividade musical assim em qualquer outra banda ou artista do mundo pop. Por mais arrogante que esta afirmação possa parecer, isto é fato, não opinião.
(Greenwood que, além de ser um dos músicos mais talentosos do rock, também se aventura pela música erudita e até já compôs a trilha sonora de filmes, como Sangue Negre, excelente filme hollywoodiano e multipremiado - inclusive com estatuetas do Oscar pela Academia).

Evito o sensacionalismo quando falo de arte. Mas não precisa entender muito de música para compreender que estávamos diante de gênios.

Agora comentando os momentos mais emocionantes do show...
No sarcarsmo anti-belicista de "You and Whose Army?", que foi dedicada aos "yankees" aconteceu o momento mais bem-humorado do show; durante a canção vimos o Yorke pôr o rosto de frente para a câmera, fazer careta, encarar a platéia e rir de si mesmo enquanto cantava chamando o ex-presidente George W. Bush para a briga "venha cá, você pensa que me deixa furioso? venha, você e que exército mais?" .
Vale lembrar dos momentos em que a banda apresentou dois de seus principais clássicos: Karma Police e Paranoid Android. Principalmente após Paranoid Android, em que o público, todos os 30 mil, passou a cantar em côro uma das passagens da música que acabara de ter sido executada: "Rain down, rain down; come on rain down on me. From a great high, from a great high...", então Thom Yorke pega o violão, passa a fazer o backing vocal e acompanhar a música junto ao público. Foi muito emocionante, ver a interação da multidão com a banda. Logo após este momento, todos da banda aplaudiram de pé o público. Merecidamente. Eram pessoas fanáticas pelo Radiohead, que esperaram anos pelo momento, e como eu, estavam ali, imóveis, fazia horas.

Parecia que estava chegando ao fim, tudo muito bonito e maravilhoso, mas nada fora do script, era como se fosse a grandeza previsível, mas...

Quando estavam apresentando suas últimas músicas, foi aí que o show de São Paulo se diferenciou dos shows anteriores da turnê na América Latina. Foram 3 bis. E neles, tocaram as duas músicas que são as mais famosas deles(eles nunca tocam as duas, mesmo na América Latina. Na Europa, nenhuma); Fake Plastic Trees e Creep.
Nesses momentos foi uma tarefa muito difícil não chorar. Muito mesmo. Principalmente porque, numa das voltas da banda ao palco, foi apresentada uma das canções mais bonitas feitas recentemente: Videotape. Thom Yorke ao piano fazendo o pessoal tremer os lábios e as primeiras lágrimas aparecendo.
Quando comecei a ouvir Fake Plastic Trees, eu sabia que dali não passava, eu ia desabar. E não só eu. Ao fim da música, com as palavras "If I Could be... who you wanted, all the time", não tenho vergonha de admitir que chorei como uma menininha.

Ao acabar "Everything In It's Right Place"(adequadíssima para o fim do show), começaram a desarmar o palco. E após dois bis, ninguém mais os esperava de volta. E ninguém mais esperava o maior clássico da banda: Creep. Que já tinha sido apresentada no Rio de Janeiro. Mas então eles aparecem, e agradecem tudo que os fãs demonstraram na turnê brasileira. Então Yorke fala "vamos ver se vocês adivinham qual é essa". Ver o Jonny Greenwood surrar a guitarra nos pré-refrões, com as luzes do palco acompanhando a música, foi incrivelmente intenso. Eu via ali, ao vivo, depois de muito cansaço e horas de desgaste físico, a música da minha adolescência. Eu estava acabado, e demasiadamente feliz. Depois daquilo, eu podia adequar à minha situação emocional as palavras que aparecem em Videotape:

"No matter what happens now
I shouldn't be afraid

Because i know today has been

The most perfect day i've ever seen"


("Não importa o que aconteça agora,
Eu não devo ter medo,
Porque eu sei que hoje foi
O dia mais perfeito que já vi")

Então o show acaba. E eu com a certeza que foram as horas mais intensas da minha vida. Espero poder vê-los um dia novamente. Ou vários dias.
Mas é claro que não foi tudo perfeito. Houve algo ruim, claro. É que depois do show do Radiohead, dificilmente algo vai superar aquele momento, e eu não tenho mais vontade de ver nenhum outro show ou espetáculo de entretenimento. Nem tenho vontade. Haha, só o próprio Radiohead pode se superar.



Obs: Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Phil Selway e Ed O'Brien proporcionaram o melhor dia da minha vida, claro. Mas não teria acontecido sem as pessoas que, junto delas, passei a melhor semana de todas, que NUNCA vai ser superada, certeza. Meu pai Jair e meu irmão Ciro.

Sunday, February 22, 2009

A forma correta de viver


Depois de um intervalo, volto a escrever textos reflexivos, ao menos para mim.

E este texto será um romântico, bem romântico.
Não, não estou exatamente apaixonado, nem estou envolvido com ninguém, e não estou, principalmente, alegre ou feliz. Comigo mesmo ou com a vida. Estou numa fase de descrença total numa suposta felicidade futura ou nas minhas capacidades como ser-humano. Mas, mesmo assim, esta será uma ode ao romantismo.

Porque... se eu pudesse dar um conselho para alguém, diante da pouca vida que vivi, mas que bastante observei, este seria: "Tenha muitas paixões. Se apaixone hoje, e se ficar desapontado, apaixone-se de novo amanhã."
Tenha a capacidade de ignorar toda o sofrimento e a angústia que é inerente ao homem e viva da única forma correta, amando. Apegue-se à coisas mundanas... bens materiais, seu cobertor dos tempos de infância, uma mulher, tanto faz... Simplesmente esqueça que em nossa existência temos direitos e deveres, e volte sua vida apenas aquilo que te deixa mais feliz; e, se surpreenda com os fatos rotineiros da vida, as coisas pequenas, porque são delas que a vida é feita. Não há nada mais feliz que isso. E nada melhor que eu possa te desejar.

Amar alguém, ou algo, te faz gostar de acordar, e te dá forças para levantar da cama, e te dá a ansiedade em sair do trabalho para encontrar aquilo que mais ama. Tudo isso, deixa a vida mais colorida.

Toda essa apologia ao amor e ao romantismo só existe, no meu caso, porque é tudo o que não tenho. Eu, hoje, não amo. Gosto das coisas por tabela, e dificilmente me perco numa paixão. E, realmente, por nada mais me agradar ou me fazer sorrir de alegria, os dias passam dolorosamente à minha frente. Eu acordo e fico deprimido, não tenho ânimo qualquer para levantar. As poucas coisas que me prendem aqui, nesta vida, são atividades extremamente intimistas, como ouvir música num headphone, ler deitado na cama, ver filmes sozinho ou escrever num blog que ninguém lê. E, acredite, já tentei mudar isto.

Não é só essa paixão rotineira que você está acostumado a ver em novelas e filmes hollywoodianos, pode ser o fato de acordar e sentir o cheiro do mato molhado na sua pequena propriedade rural, ou estar feliz com o fato de ter completado sua coleção de miniaturas de Star Wars limitada. O quero dizer é: o simples fato de você fugir da racionalidade, de você se perder na idiotice do amor, de se esquecer das coisas tão cheias de exatidão, certidão, razão, burocracia, para se dedicar a algo que te dá um abrigo e te deixa contente, pronto para viver outro dia... Isto sim é o que o homem precisa, ou ao menos, é o que eu preciso.

Cheguei ao ponto que o excesso de "porquês" e a análise demasiada e desnecessária, e até o fato de sempre estar julgando os outros e a mim mesmo, não me deixa mais gostar de nada. Absolutamente nada. Tenho a sensibilidade de escrever um texto ainda pelo simples fato de conseguir, ainda, desempenhar as atividades que são intimistas. Gostaria de me preocupar menos, de pensar menos em coisas tão abstratas e densas e estar mais ligado ao mundo prático, das pessoas comuns, me apaixonando por algo realmente bobo, que me faria gostar um pouco mais de viver.

Por isso, se eu pudesse te dar algum conselho... Se perca numa paixão realmente idiota, e irracional, que te deixe mais burro e, consequentemente, mais feliz.

"... But I want something good to die for
To make it beautiful to live.
I want a new mistake, lose is more than hesitate.
Do you believe it in your head?"

(Queens of The Stone Age - Go With The Flow)


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Texto dedicado à Victor Norén.