Thursday, July 30, 2009

... Como se fosse fácil.


Ele - Morpheus, o Sonho dos Perpétuos - estava sentado num banco da praça, deprimido, cansado de sua existência e alimentando os pombos; então inicia uma conversa com sua irmã, a Morte.

"- O seu problema é que você pensa muito. (Morte)
-Hã? Como assim? (Morpheus)
-É, isso mesmo! “E se tal coisa não der certo? E se der? E se acontecer diferente do esperado? E se eu tentar isso ou aquilo outro?” Ah, francamente... Você acaba se tornando um porre com tudo isso.
-...
-É, e essas suas reticências também são um porre. Você acaba sendo chato com tudo isso.
-E o que você quer que eu faça então?
-Que você simplesmente viva! Apenas isso...
-Apenas isso... Como se fosse fácil."

Texto retirado de Sandman, obra em banda desenhada do escritor Neil Gaiman.
Ainda não terminei minha juventude, né... mas com certeza 'Sandman' foi uma das obras que mais me marcaram neste período, e acho que será assim por toda a vida.

"Um idiota romântico, com pena de si mesmo... Mas com algum encanto pessoal".

Tuesday, July 28, 2009

Demôniocracia



"Enquanto você faz lindos Discursos,
Eu fui reduzido a cinzas.
Você me dá de comida aos leões...


Quando isso apenas parece com pratos cheios,

E nossos corpos flutuando pelo rio lamacento"

Um salve aos nossos gloriosos líderes em Brasília, senhores de belos discursos e destruidores do respeito civil. Se eu pudesse sintetizar o nosso Congresso Nacional e o Presidente da República em poucas palavras, diria que são simplesmente a definição exata e meticulosa de satanismo. Sem tirar nem pôr.

Não sei qual a lógica de nossa "democracia", em que escolhemos nossos representantes para assim eles poderem brigar entre si por mais poder, desenfreadamente. E, no máximo, qualquer ação do governo que interfira em nossas vidas, é simplesmente para aumentar a burocracia nas relações Estado-indivídio, que deveriam ser reduzidas à pó, visto a total ineficiência dessa instituição.

Hipocrisia, demagogia e "multilateralismo" sendo alegados como Pragmatismo. Só uma amostra do que nossa suposta Democracia se tornou, vamos citar o grupo de políticos com maior representatividade no Poder Legislativo, o partido dos poderosos: O PMDB, que outrora lutara pela volta da democracia no país, hoje é sede de psicopatas, criminosos e megalomaníacos corruptos. Hoje tal partido é só uma metáfora do que é um fenômeno crescente na sociedade nossa: a morte do idealismo, e restando espaço somente para o oportunismo e o individualismo político.

De outro lado, Sindicatos e a UNE são órgãos totalmente vendidos ao governo, que até o presidente do senado eles defendem. E a oposição... a esperança que ainda poderíamos ter, realmente não se mostra mais do que o grupo de políticos igualmente ineficientes que deseja voltar a mamar nas tetas do Estado.

Nesta semana, na Somália, manifestantes atiraram contra 300 congressistas em um ato de protesto. Isto significa que eles estão mais avançados e inteligentes que nós, na África.

Ah, e voltando ao início, naquela definição exata da política brasileira que prometi: O Satanismo de LaVey significa focar a
atenção no avanço hedonista do indivíduo em vez de a focar na submissão a uma divindade ou a um conjunto de códigos morais. Muito semelhante ao nosso Congresso, não?

É a demôniocracia.


Wednesday, July 22, 2009

O Inferno é aqui.


""Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!".

A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, a frase é dita por um vocalista de uma banda que se diz de Forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça.

Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do
forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos, bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado; Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético.

Pior: O falso glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Exatamente como no Brasil. A ascenção do Forró contemporâneo e Bailes Funk são só as manifestações da juventude em um país em que a sociedade encontra-se podre, imunda. Sem valores aos quais se apegar. E uma sociedade com a consciência de que apenas a desonestidade e a corrupção são compensáveis.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste.

Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente.

Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos."
Autor desconhecido.
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Então, restam aos senhores alguma esperança?
Para mim... não. (:

Wednesday, July 15, 2009

Acidentes


"O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia"
Albert Camus, filósofo existencialista argelino.

Decidir se a vida merece ou não ser vivida. Cada vez mais tenho na mente as cores exatas que me guiam à esta resposta.

Você vive... inicialmente como número expoente de algum trabalho inútil. Sabe, os anúncios publicitários e a televisão querem fazer você acreditar que é útil, que faz parte de um quadro social em que todas as mínimas partes são importantes, e és uma delas. Mas você não é, sua existência, se muito, não passa de um dado estatístico nas mãos deles.

Então a decisão de cada um é viver por suas conquistas, simplesmente. Seus ganhos. Veio à tona o individualismo. Pois bem, cada conquista, cada nova aquisição material, cada garota que você se apaixona, tudo... serão futuras perdas, futuras dores; pois tudo que um dia começou, um dia acabará. Então pra quê se esforçar? Acho que é realmente verdade aquilo que dizem, precisamos de idiotices como futebol e hollywood para não nos depararmos com questões fundamentais e nos matarmos, de fato.

O ser-humano é capaz de se adaptar à quase tudo. Quase tudo. Mesmo depois de 200.000 anos do Homo Sapiens, ainda não conseguimos nos adaptar à idéia de que tudo tem um fim. Nos desesperamos com uma morte de algum ente querido, choramos ao fim de um relacionamento, e queremos evitar a nossa própria morte. Besteira, como eu disse... toda conquista sua é uma futura perda. "Nós somos acidentes esperando para acontecer".

Cada vez que olho para um bonito campo florido longe da presença humana ou admiro rios e o oceano, me pergunto qual a falta que a vida humana faria ao universo. Em quê um estacionamento ou um Shopping Center melhoraria no campo florido? ou em quê tubos e aquedutos serviriam a um rio?

A natureza é sinônimo de perfeição, e regula-se sozinha. Os estragos que cometemos serão totalmente anulados por um futuro abalo que(tenho esperanças que sim) visará dar fim à estadia dos homens na Terra, para tudo voltar à seu devido lugar, e a perfeição da vida não ser mais abalada por inúteis vaidade e ambição humanas(exatamente como se o ser-humano fosse um Vírus num grande organismo perfeito que é a Terra). Isso é uma amostra do quanto somos insignificantes. Mínimos.

Como diria Ian Curtis, vocalista suicida da lendária Joy Division:

"Existência, bem... De que importa? Eu existo da melhor forma que posso, não é suficiente. O passado é agora parte do meu futuro. E o presente... está fora de controle".