A Era de Gelo
"Futurismo Paranóide". Assim é intitulada esta página da internet que pela qual, eu costumo devaniar para quem quiser ler (alguns poucos).
Este título não surgiu simplesmente do nada. Além de serem duas palavras que gosto, e acho bonitas de se pronunciar, representam um pouco da minha mentalidade; minha obsessão com o futuro, de pensar nele, tanto no meu quanto no da humanidade, ou do universo. Além disso, relendo todos os meus textos passados aqui nos arquivos, percebi um teor sempre presente quase que apocalítico, em relação ao que estar por vir para todos nós. Minhas opiniões não costumam ser muito otimistas. E da idéia de um caos reinante em nossas mentes e em nosso cotidiano surgiu o 'paranóide' do título. E neste próximo "capítulo" de minha coletânea de pensamentos tentarei sintetizar e explicar um pouco este tamanho pavor do monstro do armário, que talvez nem exista... como é de costume nas mentes das criancinhas amedrontadas antes de dormir.
Escrevo este texto no ano de 2009. Nas primeiras engatinhadas do século XXI, e vivemos no mundo Pós-Moderno. O início da Era Pós-Moderna foi marcado por acontecimentos como o fim da Guerra Fria, o declínio do comunismo, e solidificação da democracia liberal no ocidente, como consequência da hegemonia dos Estados Unidos da América, diante de seu poder militar, que os deu tantas vitórias em guerras durante o século passado. O homem que vive nos dias de hoje, diante de todos estes acontecimentos, segue cada vez mais um tendência, que é o declínio gradual na crença nas velhas ideologias e nos valores do mundo moderno. Todas as teorias que prometiam um mundo perfeito e guiar o ser-humano até a sociedade ideal falharam. Filosoficamente, começou com o Niilismo. O fim do sentido. E todas as ideologias, de acordo com os niilistas, seriam apenas manifestações da vontade individual de cada um, que estaria defendendo apenas seu interesse particular, conscientemente ou não. Logo, defender uma idéia não tem surtido o mesmo efeito que tinha no século passado. O individualismo surge simplesmente como um instinto humano(que pode ser disfarçado com a solidariedade e o altruísmo) e não mais como um valor.
Quando Nietzsche afirmou que Deus morreu, aquilo era só o início. Em menos de cem anos foi presenciada a morte de Marx, de Adam Smith, de Hitler e seus coleguinhas, de Keynes, e até Jesus Cristo tem perdido sua força por essas bandas.
Vimos o comunismo ruir, e a única imagem que nos legaram foi a da pior forma de totalitarismo que o mundo já presenciou. O Nazi-Fascismo foi destruído com o triplo da velocidade que ascendeu. Quando o mundo quebrou, fincanceiramente, em 1929, parecia que o keynesianismo e seu Estado investidor vinham para salvar a todos. Balela. A ordem mundial, liderada por Ronald Reagan e Margaret Tatcher, instaurou o liberalismo econômico que, por uns instantes, parecia mesmo ser o caminho certo. Até que em 2008, diante de uma crise financeira global e devastadora, o novo presidente americano Barack Obama anuncia a medida da injeção de bilhões de dólares do Estado na economia e a compra de parte da maior produtora de automóveis do país; e durante o mandato do presidente Bush, constata-se o desrespeito aos direitos humanos, o autoritarismo e a intolerância sendo praticados por quem mais os combateu teoricamente: os democrata-liberais cristãos da América. Fim do Estado-mínimo. Morre a última promessa, o liberalismo. E como acreditar nos homens que professam a palavra de Cristo quando vemos o enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e a prática da mais cruel forma de alienamento sendo cometidos por donos de Igrejas cristãs?
Diante da morte do sentido, e da descrença na pureza de qualquer idéia, emerge o novo homem. O homem que sou eu, o homem que é você. Indiferente. Niilista. Cínico.
Não é uma opinião exagerada afirmar que pouco a pouco, a vida tem perdido o sentido para a humanidade. E é bastante fácil de constatar a desistência em achar uma nova teoria que explique nosso papel aqui ou que prometa nos guiar no caminho certo. Não há muito a ser argumentado quando observamos que, devido ao fato de serem os primeiros lugares a sentir o efeito do pós-modernismo, os países desenvolvidos e de Índice de Desenvolvimento Humano altíssimo são os que apresentam as maiores(e assustadoras) taxas de suicídio. O que levaria milhares de jovens inteligentes, bem-sucedidos e habitantes de cidades com padrão de vida invejáveis a tirar a prórpria vida?
A certeza de que esta não leva a lugar nenhum, e que o único fim do meio que é a vida, somos nós mesmos.
É como eu já constatei em textos passados, parafraseando o filósofo argelino Albert Camus, "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia".
O fato é que o novo caminho do ser-humano, e aonde estamos chegando com isto, nunca esteve tão confuso. Com tanta poluição, caos e violência urbanos e degradação ambiental demasiada; crer que o apocalipse está próximo deixa de ser um comportamento paranóide para se tornar uma atitude lógica. Diante de uma situação de uma crise destas, sempre havia aquela clássica pergunta de filmes de super-heróis: "Oh não, e agora, quem poderá nos defender?". E então uma super-teoria filosófica/política/econômica ascendia visando salvar a humanidade de qualquer que fosse a sua ameaça. Mas essa era passou, e não cremos mais em super-heróis. O homem indiferente dos dias de hoje assiste ao jornal da noite, com as notícias de um genocídio e de cidades que foram arrasadas por catástrofes ambientais(casos que têm se tornado cada vez mais comuns) e continua a jantar normalmente. E aquelas são só algumas diante do enorme número de tragédias no nosso planeta que ele recebe notícia durante a semana.
Um suicídio coletivo. É isto que nos espera. Quando vejo o comportamento nosso diante das notícias de que o mundo está nos expulsando(já que estamos servindo de empecilho ao funcionamento adequado do equilíbrio ecológico) a única palavra que me vem à mente é "suicídio". Exatamente pelo mesmo motivo de um jovem dos dias de hoje tirar a própria vida: pois esta não faz mais sentido. Não adianta mais levantar nenhuma bandeira. E aparentemente, nunca adiantou. Por qual motivo um indivíduo, habitante de uma metrópole, que não tem filhos nem pensa em ter, que vive pela obtenção de dinheiro, bens materias, e prazer imediato nesta nossa sociedade consumista e hedonista ao extremo, pensaria em proteger o nosso planeta? Ele simplesmente não tem motivo. Nem mesmo descendentes para que possa legar um lugar melhor. É claro, isto é só um exemplo.
É como diz o Dr. Manhattan, personagem superpoderoso de uma das melhores obras literárias do século passado; "Watchmen", do inglês Alan Moore. Ao implorarem para ele salvar o mundo, diante da iminente guerra nuclear que estaria por vir, ele responde, estóico: "Por quê eu salvaria o mundo se eu não tenho mais nenhuma esperança nele?", e ainda continua, niilista: "Talvez a existência de vida no planeta seja um fato superestimado por nós. O planeta Marte se vira muito bem sem nenhum organismo vivo para atrapalhar".
Pouco a pouco, é este o comportamento que estamos tomando.
Estoque comida. Construa um bunker. O monstro do armário existe. Somos nós mesmos.
Este título não surgiu simplesmente do nada. Além de serem duas palavras que gosto, e acho bonitas de se pronunciar, representam um pouco da minha mentalidade; minha obsessão com o futuro, de pensar nele, tanto no meu quanto no da humanidade, ou do universo. Além disso, relendo todos os meus textos passados aqui nos arquivos, percebi um teor sempre presente quase que apocalítico, em relação ao que estar por vir para todos nós. Minhas opiniões não costumam ser muito otimistas. E da idéia de um caos reinante em nossas mentes e em nosso cotidiano surgiu o 'paranóide' do título. E neste próximo "capítulo" de minha coletânea de pensamentos tentarei sintetizar e explicar um pouco este tamanho pavor do monstro do armário, que talvez nem exista... como é de costume nas mentes das criancinhas amedrontadas antes de dormir.
Escrevo este texto no ano de 2009. Nas primeiras engatinhadas do século XXI, e vivemos no mundo Pós-Moderno. O início da Era Pós-Moderna foi marcado por acontecimentos como o fim da Guerra Fria, o declínio do comunismo, e solidificação da democracia liberal no ocidente, como consequência da hegemonia dos Estados Unidos da América, diante de seu poder militar, que os deu tantas vitórias em guerras durante o século passado. O homem que vive nos dias de hoje, diante de todos estes acontecimentos, segue cada vez mais um tendência, que é o declínio gradual na crença nas velhas ideologias e nos valores do mundo moderno. Todas as teorias que prometiam um mundo perfeito e guiar o ser-humano até a sociedade ideal falharam. Filosoficamente, começou com o Niilismo. O fim do sentido. E todas as ideologias, de acordo com os niilistas, seriam apenas manifestações da vontade individual de cada um, que estaria defendendo apenas seu interesse particular, conscientemente ou não. Logo, defender uma idéia não tem surtido o mesmo efeito que tinha no século passado. O individualismo surge simplesmente como um instinto humano(que pode ser disfarçado com a solidariedade e o altruísmo) e não mais como um valor.
Quando Nietzsche afirmou que Deus morreu, aquilo era só o início. Em menos de cem anos foi presenciada a morte de Marx, de Adam Smith, de Hitler e seus coleguinhas, de Keynes, e até Jesus Cristo tem perdido sua força por essas bandas.
Vimos o comunismo ruir, e a única imagem que nos legaram foi a da pior forma de totalitarismo que o mundo já presenciou. O Nazi-Fascismo foi destruído com o triplo da velocidade que ascendeu. Quando o mundo quebrou, fincanceiramente, em 1929, parecia que o keynesianismo e seu Estado investidor vinham para salvar a todos. Balela. A ordem mundial, liderada por Ronald Reagan e Margaret Tatcher, instaurou o liberalismo econômico que, por uns instantes, parecia mesmo ser o caminho certo. Até que em 2008, diante de uma crise financeira global e devastadora, o novo presidente americano Barack Obama anuncia a medida da injeção de bilhões de dólares do Estado na economia e a compra de parte da maior produtora de automóveis do país; e durante o mandato do presidente Bush, constata-se o desrespeito aos direitos humanos, o autoritarismo e a intolerância sendo praticados por quem mais os combateu teoricamente: os democrata-liberais cristãos da América. Fim do Estado-mínimo. Morre a última promessa, o liberalismo. E como acreditar nos homens que professam a palavra de Cristo quando vemos o enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e a prática da mais cruel forma de alienamento sendo cometidos por donos de Igrejas cristãs?
Diante da morte do sentido, e da descrença na pureza de qualquer idéia, emerge o novo homem. O homem que sou eu, o homem que é você. Indiferente. Niilista. Cínico.
Não é uma opinião exagerada afirmar que pouco a pouco, a vida tem perdido o sentido para a humanidade. E é bastante fácil de constatar a desistência em achar uma nova teoria que explique nosso papel aqui ou que prometa nos guiar no caminho certo. Não há muito a ser argumentado quando observamos que, devido ao fato de serem os primeiros lugares a sentir o efeito do pós-modernismo, os países desenvolvidos e de Índice de Desenvolvimento Humano altíssimo são os que apresentam as maiores(e assustadoras) taxas de suicídio. O que levaria milhares de jovens inteligentes, bem-sucedidos e habitantes de cidades com padrão de vida invejáveis a tirar a prórpria vida?
A certeza de que esta não leva a lugar nenhum, e que o único fim do meio que é a vida, somos nós mesmos.
É como eu já constatei em textos passados, parafraseando o filósofo argelino Albert Camus, "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia".
O fato é que o novo caminho do ser-humano, e aonde estamos chegando com isto, nunca esteve tão confuso. Com tanta poluição, caos e violência urbanos e degradação ambiental demasiada; crer que o apocalipse está próximo deixa de ser um comportamento paranóide para se tornar uma atitude lógica. Diante de uma situação de uma crise destas, sempre havia aquela clássica pergunta de filmes de super-heróis: "Oh não, e agora, quem poderá nos defender?". E então uma super-teoria filosófica/política/econômica ascendia visando salvar a humanidade de qualquer que fosse a sua ameaça. Mas essa era passou, e não cremos mais em super-heróis. O homem indiferente dos dias de hoje assiste ao jornal da noite, com as notícias de um genocídio e de cidades que foram arrasadas por catástrofes ambientais(casos que têm se tornado cada vez mais comuns) e continua a jantar normalmente. E aquelas são só algumas diante do enorme número de tragédias no nosso planeta que ele recebe notícia durante a semana.
Um suicídio coletivo. É isto que nos espera. Quando vejo o comportamento nosso diante das notícias de que o mundo está nos expulsando(já que estamos servindo de empecilho ao funcionamento adequado do equilíbrio ecológico) a única palavra que me vem à mente é "suicídio". Exatamente pelo mesmo motivo de um jovem dos dias de hoje tirar a própria vida: pois esta não faz mais sentido. Não adianta mais levantar nenhuma bandeira. E aparentemente, nunca adiantou. Por qual motivo um indivíduo, habitante de uma metrópole, que não tem filhos nem pensa em ter, que vive pela obtenção de dinheiro, bens materias, e prazer imediato nesta nossa sociedade consumista e hedonista ao extremo, pensaria em proteger o nosso planeta? Ele simplesmente não tem motivo. Nem mesmo descendentes para que possa legar um lugar melhor. É claro, isto é só um exemplo.
É como diz o Dr. Manhattan, personagem superpoderoso de uma das melhores obras literárias do século passado; "Watchmen", do inglês Alan Moore. Ao implorarem para ele salvar o mundo, diante da iminente guerra nuclear que estaria por vir, ele responde, estóico: "Por quê eu salvaria o mundo se eu não tenho mais nenhuma esperança nele?", e ainda continua, niilista: "Talvez a existência de vida no planeta seja um fato superestimado por nós. O planeta Marte se vira muito bem sem nenhum organismo vivo para atrapalhar".
Pouco a pouco, é este o comportamento que estamos tomando.
Estoque comida. Construa um bunker. O monstro do armário existe. Somos nós mesmos.