Sunday, January 17, 2010

Rock N' Roll is (almost) dead. And that's not necessairily bad.


"O Rock N' Roll está (quase) morto. E isto não é necessariamente ruim"

Bem, a década acabou, e sendo assim, já pode-se analisar os anos 2000 de fora, e por completo. Hoje, falaremos sobre a música da década, mais especificamente, sobre o rock dos anos zero-zero.
O que se pode dizer como introdução sobre isto é que, assim como em todo o resto das coisas, em que, nos últimos anos, todas as bandeiras e ideologias do passado têm sofrido uma queda livre no nosso mundo pós-moderno, não foi diferente no Rock. Muitas barreiras foram quebradas e o velho mantra sempre repetido pelas bandas antigas do "Sexo, Drogas e Rock N' Roll" realmente foi pro saco; com exceção de algumas bandas que conservam o velho espírito dos anos 70(principalmente advindas da Suécia), o que se viu nessa década foi totalmente diferente, tivemos uma mega-banda com quase vinte membros e cada um com um instrumento mais peculiar que o outro, tivemos bandas de um homem só, outras que deixaram a guitarra como instrumento secundário e até outras que faziam rock e se intitulavam "antirrock"(?). Isso é só o início, já que vimos também um distanciamento enorme do rock diante da indústria fonográfica, causado pelo império do download, o que trouxe uma liberdade artística muito maior ao estilo. Mas... vamos por partes.

"A banda que vai salvar o rock n' roll". Isso foi repetido pela mídia várias e várias vezes, já que o que reinava no fim dos anos 90 era basicamente um bocado de bandas americanas rotuladas como new-metal, e faziam um som horrível, que misturavam guitarras distorcidas demais, letras sobre ódio(que inspiravam massacres nas escolas americanas, como em Columbine) e DJ's que deixavam as canções ainda mais intragáveis. Com certeza o cenário formado por Korn, Slipknot, Marilyn Manson, Limp Bizkit e etc foi o pior já visto na história. Foi então, no início dos anos 2000, que surgiu o The Strokes, banda nova-iorquina que apresentou o cd Is This It?, propondo um retorno às origens do rock, sonora e visualmente. As músicas pareciam ter sido retiradas dos anos 60, até mesmo o vocal abafado de Julian Casablancas; assim como o visual, com os membros usando terno e gravada, assim como os Beatles e os Stones em início de carreira. Foi simplesmente genial. Sou um grande fã do Is This It?, e este foi um dos melhores acontecimentos musicais que tive notícia. Logo depois surgiram o rock dançante dos escocêses Franz Ferdinand, a idiotice absurda do The Libertines(que tinha um vocalista junkie, e fazia besteiras como ser preso e roubar a casa do companheiro compositor Carl Barat - prato cheio para os tablóides ingleses, garantindo assim uma injusta fama, visto que a banda é incrivelmente ruim), e outra boa surpresa foi o Arctic Monkeys, mais outra banda dançante da Inglaterra, mas desta vez com letras bastante inteligentes. Além dos Strokes, Nova York também nos deu o Interpol, oferecendo uma releitura do post-punk dos anos 80 e o Yeah Yeah Yeahs, indo na onda do rock dançante e bem humorado; e na minha lista de favoritos dentre estas bandas que tiveram atenção da mídia foi o Klaxons, com seu visual e letras futuristas, misturando ficção científica e psicodelia(e cores demais).

No Brasil não foi diferente. Antes mesmo dos Strokes e seu visual/som retrô aparecerem, a banda gaúcha Cachorro Grande já chamava atenção com os mesmos atributos - pareciam ter sido retirado dos 60's. E assim como no cenário internacional reinava o indie, daqui exportamos o CSS(Cansei de Ser Sexy), com o mesmo som dançante e visual colorido dos ingleses.

Nem tudo foi só hype e pista de dança com rocks moderninhos. Fora da atenção dos jornais londrinos, várias outras coisas se destacaram. Com certeza, entre os mais cultuados estão os americanos do Queens of The Stone Age e The Mars Volta. Essas duas são poucas das bandas de hoje que serão lembradas no futuro. Outra que merece destaque é o The Arcade Fire, com nove integrantes, e produzindo seu rock erudito com canções de beleza ímpar. Outra dica minha são os dois cds lançados pelos australianos do Wolfmother, para quem gosta mesmo de guitarra alta. À parte disto, no cenário inglês, e com popularidade imensa, está o ótimo Muse, cujo único defeito é a mania de grandeza excessiva do vocalista Matthew Bellamy.

Em parte, muito dessa histeria da mídia de buscar a salvação do rock foi causada por alguns fatores específicos: o declínio bastante notável do Oasis, que passado seu auge brilhante nos anos 90, lançou albuns realmente carentes de qualidade e muito repetitivos, o que os levou ao fim da carreira, de maneira melancólica, em 2009; o hiato do Blur, com a saída de Graham Coxon; e o isolamento do Radiohead, a banda que lançou o Ok Computer em 1997, causando furor por este ser um dos melhores albuns da história do rock. O Radiohead se viu exposto à mídia e ao sucesso, coisa que o perturbado Thom Yorke nunca soube lidar. Logo, com isto, a banda lançou Kid A(2000) e Amnesiac(2001), albuns experimentais que visavam claramente distanciar o Radiohead do sucesso e prezavam bem mais por sintetizadores e piano do quê pela guitarra - mas isto só fez aumentar o culto dos fãs ao Radiohead e ao próprio Yorke, que tem sido considerado um messias do século XXI, com suas composições pessimistas sobre o futuro e atuando como um dos poucos idealistas restantes nesta era. Logo depois vieram, deles, a genial crítica políitica Hail To The Thief(2003) - album que rompeu o isolamento da banda, e In Rainbows(2007) - que, lançado diretamente para download sobre o estilo inédito de venda em que o comprante paga o quanto quiser, demonstrou que a Era do Download veio para ficar. Enfim, você pode até não entender o Radiohead e seu futurismo-pessimista-psicodélico-depressivo, e eu posso até só fingir que entendo, mas com certeza as próximas gerações deste mundo cada vez mais caótico entenderão perfeitamente.

Do lado pop no rock, o que se viu até transbordar foi o Coldplay, novamente da Inglaterra, que parece estar no lugar dos Beatles da atualidade no tocante à popularidade. Canções belas e cheias de melodia que fazem até o público americano esquecer, às vezes, os rappers que só cantam sobre limusines, dinheiro, gangues e prostitutas, para ouvir música boa. Na categoria "adolescente" do rock, estavam o Linkin Park e o Paramore, ignoradas pela imprensa por serem populares demais entre este público. Subestimadas.

Ah... e se houve alguma mudança drástica no Rock dos anos 2000, esta foi em relação à vestimenta. Esqueçam os roqueiros desleixados e sujos com roupas folgadas, como era comum no grunge e ainda é no metal. O roqueiro desta década que passou se veste impecavelmente. É cheio de baboseira na hora de escolher o visual antes de entrar no palco, ou antes de ir ao show de sua banda favorita. Ternos, sapatos italianos... ou roupas coloridas e penteados bem cool e modernos.
Dói até na vista.

Querendo ou não, o que aconteceu no rock dos anos 2000 foi isto. Se o esqueleto do Jimi Hendrix tá se remexendo no caixão, bom... disso eu não sei. Porém, bandas que rezem na cartilha do rock n' roll old-school no maior estilo sex, drugs and rock n' roll ainda existem. Aqui no Brasil mesmo, com uma nova banda que se tornou uma das grandes surpresas no circuito, o Black Drawing Chalks, vindos de Goiânia, cidade com forte cenário do rock.

No geral foi isto que aconteceu. Com certeza devo ter esquecido alguma banda notável ou algum outro fato interessante, mas se eu esqueci é porque não é tão bom assim. (:

Wednesday, January 13, 2010

O aflorescer da década



Para começar bem o ano: Numa década com apenas 13 dias de existência, cerca de 150 brasileiros(14 deles estando no Haiti - tragédia que causou a morte de dezenas de milhares de pessoas) já morreram em decorrência dos desastres ambientais recentes. Principalmente por causa das catástrofes causadas pela chuva nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, além do terremoto em Porto Príncipe, capital do Haiti; dentre as vítimas encontra-se a pediatra Zilda Arns, ex-indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

Os desastres da natureza deste início de ano já causaram um prejuízo de, no mínimo 1 bilhão de reais, economicamente. Isto sem falar na destruição quase que total da cidade de São Luiz do Paraitinga, município de São Paulo que é considerado Patrimônio Histórico.


O início da década já mostra o que está por vir. Os anos dos 2010's serão catastróficos, com certeza. Podem ser o início do fim. Ou esta década se torna o marco zero da economia sustentável ou ficará conhecida como o início de uma crise sem precedentes na história da humanidade.


Bem... do jeito que os líderes mundiais estão levando o assunto a sério, vide resolução da Conferência do Clima de Copenhagen, muito mais fácil estarmos adentrando na era em que tudo que o ser-humano construiu, de bom ou de ruim, transfomar-se-á apenas em ruínas de um passado que hoje nós tanto contemplamos e chamamos de "presente": O mundo moderno.


"Tente salvar isto, mas não sai do buraco.
Tente construir uma muralha alta o suficiente.
Está tudo evaporando, tudo evaporando.

Tente salvar sua casa, seus discos;
Tente subir a colina! Mas vai te perseguir até aí em cima...

Está tudo evaporando, está tudo evaporando..."

Thom Yorke - Cymbal Rush

http://www.youtube.com/watch?v=-4hZt--0Yno