Tuesday, July 01, 2008

Eu ainda sinto tudo


Dias que você se sente dormente, de tanto que treinou a si mesmo para não sentir mais nada; e certas coisas, certas aventuras... Parece que você adentrou nelas simplesmente para sentir algo, e aí quando você finalmente sente, quando seu corpo, de alguma forma, começa a doer, você percebe que chegou aonde queria.

Estes são os dias em que você se sente triste, por algo que poderia evitar, mas não consegue, e então continua deprimido. Mas disso já existe uma conclusão, que é apenas uma tendência auto-destrutiva, que cada pessoa carrega desde que nasce, porém, tal tendência é maior em alguns, menor em outros.

Depois de alguns anos, eu começo a achar que não há mais sentido, em nada. Eu fico pensando se isso não seria apenas uma crise existencial e se esses meus devaneios não seriam normais e que toda essa baboseira vai passar. Todos dizem; "vai passar, rapaz... com o tempo".

... e eu começo a achar que é verdade.
Só que os métodos de fazer com que essa baboseira toda pare podem ser perigosos demais.

O que é tudo? O que é nada? E se eu tenho tudo porque me sinto nada?
Eu fico tentando impôr à minha cabeça, com força: "Eu não estou aqui, isto não está acontecendo... Tudo isso, vai acabar, num instante, tudo tem fim".
Eu tento, apenas. E por mais que eu esteja convencido mesmo de não estar aqui, e que nada disso está acontecendo, só há uma certeza neste mundo: Eu sinto.

Descartes disse "Penso, logo existo". Pois eu, com minha arrogância e insignificância ouso dizer que só existo a partir do momento em que sinto. E isso... é ruim.
Exatamente porque eu poderia fazer de conta que não estou vivendo, e de que nada disto, nada dessa situação terrível está acontecendo, mas mesmo que não esteja, mesmo que sejam simplesmente criações infantis de minha mente, eu não deixo de sentir, eu não deixo de sentir a dor, não mesmo. E é por isso que de nada vale a tal baboseira existencialista. Para quê fazer de conta que não existe(como o próprio Thom Yorke sugere, em How To Disappear Completely) se mesmo não existindo, eu ainda sinto tudo? Este é o problema, eu ainda sinto tudo. As coisas ainda doem como uma faca afiada adentrando meu peito.

Não é engraçado. Se eu pudesse recomeçar, eu recomeçaria. Só que... todos têm um fardo. Este é o meu. É impossível o ser-humano viver sem um fardo, e o meu é este, é pensar demais, seria algo bom ou simplesmente uma maldição? Não posso fazer muito contra, é a atuação dentro do método. Penso, fico confuso, triste, deprimido, e principalmente desesperançoso. Mas ainda é mais confortável que a vida "real", em que posso interagir com pessoas ignorantes, inalando um bom ar contaminado por carros e seus canos exalando CO2... e pior, ainda ganho de brinde várias rejeições.

Ah... a rejeição. Não acho que exista algo mais cruel. Ela vem exatamente na hora em que você acha que pode ser feliz, para te fazer relembrar de todas as suas fraquezas, e que você é um humano ridículo, que ainda se importa com a opinião alheia, e pior... que depende dela. Isto é horrível.

Sinceramente, odeio ser livre. Odeio esta liberdade do mundo moderno. E essa minha psicose poderia ser resolvida se eu vivesse numa época em que fosse obrigado a lutar na guerra por minha nação. Cortar cabeças, enfiar espadas nas barrigas dos soldados adversários, morrer por nada, e ao mesmo tempo, por tudo que eu tenho. A psicose coletiva de uma guerra entre nações, sangue, barbárie, miolos, e muita selvageria. O homem no estrito sentido do seu instinto animal, isso sim aos meus olhos me fariam parar de pensar na situação em que estou existindo.

Mas... estou condenado a ser livre.