Monday, August 23, 2010

Apanhador Só - 2010



Música boa.
Aqui no blog eu costumo falar de música de vez em quando. Mas é raro falar só de uma banda específica. Geralmente é sobre várias juntas, de uma cena, de uma época, etc. Se eu dedico um post inteiro a só uma banda, saiba de uma coisa: é porque ela é muito foda.

A novidade da vez é a banda gaúcha de Porto Alegre Apanhador Só, que lançou recentemente um álbum de mesmo nome. Esses rapazes fazem rock, mas não se engane pensando que são os típicos roqueiros gaúchos de terno, que ouvem The Who, exaltam o rock mod e querem os anos 60 de volta. O Apanhador Só canta a poesia simples brasileira. Numa entrevista recente, os rapazes da banda comentaram que as ruas e os bairros de Porto Alegre serviam de grande inspiração para as músicas. Também percebi isso, mas seria eu o único a perceber uma forte "brasilidade" nas melodias e letras da banda?

Surgiram as desnecessárias comparações com Los Hermanos. Realmente desnecessárias. Acredito que o Los Hermanos, pela importância que teve, deixou marcas em muitas das atuais bandas do rock independente do país. Neste caso específico, o que mais lembra é a guitarrinha melodiosa da Apanhador Só, claramente influenciada pelo jeito de tocar de Rodrigo Amarante.

Com o cd "Apanhador Só" lançado em 2010, eles já concorrem na categoria Aposta no VMB10 e sem dúvidas vão rodar o país inteiro conquistando muitos fãs.

Link para download: http://www.apanhadorso.com/

Destaques para: Um Rei e O Zé, Maria Augusta, Nescafé, Bem-me-leve e Vila do Meio Dia.

Monday, August 16, 2010

Quem sabe amanhã? Próximo ano?




"Sempre pensei que aconteceria, de criança acreditava nos adultos que era só pagar pra ver.

Feio, meio assim desconfiado, perna em xis, já barrigudo, duvidando que eu conseguisse crescer.
Mesmo assim, contudo, o tempo foi passando e eu fui adiando, mudo, os grandes dias que ia conhecer.
Quem sabe amanhã? Próximo ano?
Cebolinha com seus planos infalíveis ia me ensinar a ser forte, corajoso, bom de bola, um dos bonitos da escola(muito embora eu não fizesse questão).


Ainda bem que eu sou brasileiro, tão teimoso, esperançoso, orgulhoso de ser pentacampeão, já que se eu fosse americano pegaria uma pistola e a cabeça ia perder a razão:
mataria quinze na escola, estouraria a caixola e apareceria na televisão.


E por fim cresci, de insulto em insulto eu me vi como um adulto, culto, pronto pra o que mesmo? Já nem sei
.
Olho e não encontro, penso se não fui um tonto
de acreditar no conto do vigário que escutei.
Não tem carro me esperando,
não tem mesa reservada,
só uma piada sem graça de português.
Não tem vinho nem champanhe ou taça, só um dedo de cachaça e um troco magro todo fim de mês.

Tudo que eu sempre sonhei.
Tanto que eu consegui...
É tão bom estar aqui...
Quanto ainda está por vir...

Mas bobagem, quanta amargura, eu já sei que a vida é dura, agora é pura questão de se acostumar.
Basta ter coragem e finura e o jogo de cintura aprendido dia a dia, bar em bar.
Pra que reclamar se tem conhaque, se na tevê tem um craque e o meu Timão só entra pra ganhar?

Pra que imitar Chico Buarque, pra que querer ser um mártir se faz parte do momento se entregar?"

Não preciso escrever nada, pois esta música fala por mim: Pullovers; Tudo que eu sempre sonhei.

Tuesday, August 10, 2010

Vários sonhos dentro de um sonho.



Não resisti e tive que escrever algo sobre o filme do momento: Inception. Traduzido para o Brasil, erroneamente(ao meu ver) como A Origem. Filme para nerd nenhum botar defeito.

Mas não se preocupe, não darei spoiler algum. Até porque quanto menos se sabe sobre o filme em questão, mais se aprecia. Só falarei um pouco sobre o impacto do filme. Metade da crítica especializada celebra Inception como o filme do ano, e alguns mais animados o elegem como o mais inovador dos últimos tempos. A outra metade se irrita com o hype feito em torno de Inception e argumenta que o filme não supre a expectativa que se criou por ele, e que o enredo confuso não é sinônimo de profundo.

Sinto-me com autoridade para falar do filme, já sou fã do diretor Cristopher Nolan desde Memento(Amnésia) e um apaixonado por cinema e literatura de Ficção Científica. Mantendo a imparcialidade, alguns fatos devem ser ditos sobre o novo filme do talentoso diretor;

The Inception revoluciona? Não.
Inova? Sim, se analisarmos como parâmetro a Hollywood dos dias de hoje.
Seria o filme o "novo Matrix"? A única semelhança entre The Inception e Matrix é que ambos atingem o mesmo público. Matrix, o original, criou uma franquia que originou mais dois filmes, desenho, quadrinhos, bonecos e video-games. Inception não cria isso.
Mas um fato que não pode ser negado é que estamos diante SIM do melhor filme da indústria americana em anos. O cinema de alto orçamento não se depara com algo tão bom desde Senhor dos Anéis, talvez.

Em dias de uma Hollywood infantilizada que busca cada vez mais como fonte as histórias em quadrinho e a literatura infanto-juvenil, Inception marca. Não acostumados com filmes quebra-cabeça, o público pode até elegê-lo como um filme profundo, complexo e altamente cabeça, mas não achei. Achei simples, do tipo que assistindo apenas uma vez dá para sacar sem problemas. O roteiro é ótimo sim, mas não perfeito. E algo que tem sido muito pouco comentado é que as cenas de ação são os ponto alto do filme, pois é algo de se encher os olhos. Visualmente, Inception não tem a riqueza de detalhes de Avatar, mas empolga mais e imortaliza cenários aos quais o público antes não estava acostumado(a sequência de cenas do elevador preso no sonho sem gravidade é fantástica!).

Posso dizer que ninguém aguentava mais ver filmes sci-fi batendo na mesma tecla: a tecnologia/maquinária insurgindo contra o homem/criador. Inception, ou A Origem, é uma ficção científica ambientada dentro da mente humana que entra para a lista dos melhores filmes do gênero, ao lado de Metropolis, Blade Runner e Matrix.

Sunday, August 01, 2010

indie.br



10 bandas do indie nacional que valem a pena.

Se você é um dos muitos que reclama que o rock no Brasil está péssimo por conta dos Cines, Restarts e diversos coloridos por aí afora, ou você é um completo preguiçoso, ou tem um tremento mal-gosto. O cenário independente brasileiro vai muito bem sim, repleto de bandas dignas.

Para início de conversa, quem abre a boca pra falar mal de graça ignorou completamente os recentes lançamentos do Móveis Coloniais de Acajú(C_mpl_te), do Mombojó(Amigo do Tempo) e o álbum elogiadíssimo da banda de rock n' roll goiana Black Drawing Chalks(Life is a big holiday for us). Essas três bandas, hoje, já encabeçam a lista de festivais independentes do país e aparecem com frequência até na MTV.

Rezando na cartilha do Indie Rock, criado pelo Pavement, no início dos anos 90, dispomos de bandas ótimas, é o caso dos paulistanos do Pullovers, banda com dez anos de formação que recentemente lançou o ótimo álbum Tudo que sempre sonhei e do Holger; também dos gaúchos do Superguidis, que recentemente sobrepôs os instrumentos de cordas às guitarras construindo um som maduro e profundo(álbum lançado em 2010, auto-intitulado). Outras duas bandas com uma "raíz comum" são a Supercordas(RJ) e Charme Chulo(PR), que fazem um som um pouco mais abrasileirado; no caso do Supercordas acrescenta-se ao rock um psicodelismo bucólico(ou seria bucolismo psicodélico?) e o Charme Chulo bebe na fonte da música caipira brasileira. Álbuns indicados: Seres verdes ao redor (Supercordas); Nova Onda Caipira(Charme Chulo).

Por último, indico duas bandas de Rock n' Roll, e animalescas. Com R maiúsculo. Uma é a gaúcha Rinoceronte, som pesado tal qual o animal que dá nome à banda. E a outra a excelente Orquestra Camarones Guitarrística, de Natal-RN, rock pesado instrumental, energizante; banda à altura de grandes festivais e para se curtir ao vivo.

Resumindo, é isto. Se você ignorar este cenário, ou é preguiçoso... ou não gosta de rock.