Saturday, March 27, 2010

Ame-me morto.


Assistindo ao fantástico novo filme do Martin Scorsese ontem, "Ilha do Medo", me deparei com uma reflexão do personagem principal, ao fim do longa, que dizia "neste mundo em que vivemos, o que seria pior: viver como um monstro ou morrer como um homem bom?". Realmente, aquilo me intrigou. Deixando a análise do ótimo filme de lado, sempre me fascinou a maneira como as pessoas lidam com a morte, a própria e a dos outros.

É interessante ver como é tratada a imagem das pessoas depois que elas morrem. Creio que todos se ajoelham diante disto por ser nosso destino inevitável. Mas é fato que todas as imperfeições e esquisitices são esquecidas para ser evidenciado somente as virtudes de quem está no caixão, na hora do funeral. As pessoas, parece, só demonstram respeito pelo outro quando percebemos, através da morte deste, a nossa terrível condição. Uma amostra disso é que é incontável o número de artistas que tiveram suas obras reconhecidas e aclamadas somente após uma morte chamativa. No ano passado o número de pessoas que admirava o Michael Jackson aumentou em dez vezes, e quase não foi posto em evidência todas as suas bizarrices e pontos macabros de sua vida. E falando em Rock N' Roll, quantas bandas não fizeram seu nome na história da música só após a morte de um vocalista após suicídio ou overdose? Vamos lá, concordem comigo, Nirvana não foi tão marcante assim, era só mais uma banda de Seattle no movimento grunge dos 90's; e o Joy Division antes do suicídio do Ian Curtis tinha que relevância? Quase nenhuma.

Pessoalmente, eu sempre achei que estaria melhor morto. Até daria para aumentar a fama das minhas escritas aqui no blog, não é?(só por favor, se querem me demonstrar respeito, façam isso enquanto eu estou vivo). Mas o que quero dizer é que a morte muitas vezes parece um suspiro de alívio diante do mundo caótico em que vivemos hoje. Você já pensou no quão agradável seria estar lobotomizado e não ter consciência nenhuma das coisas do nosso cotidiano? Eu já. Como vi num filme de Woody Allen: O Coronel Kurtz disse "O horror, o horror" para definir o mundo em que vivia, no livro Coração das Trevas, de Joseph Conrad; bem se ele achava o mundo um horror, imagina se entregassem jornais na ilha que o coronel estava lá isolado! Aí ele veria nas manchetes pais atirando seus filhos das janelas, terremotos e maremotos devastando cidades e matando milhares, pessoas se acabando em drogas e sendo adoradas por isto, e ainda de sobremesa comentários sobre o Big Brother Brasil. Ah, como agradáveis seriam os prazeres da não-consciência!

Pois é, e ainda me atendo à pergunta inicial do texto, que vi no filme; só me parece uma ironia que eu somente consiga alcançar todo o reconhecimento e aprovação que sempre busquei, sem sucesso, em vida com a iminência da morte. Mas morrer com a dignidade de um homem bom é sim algo bem menos ruim do que viver como um monstro nesse horror de mundo.

[Off: Esclarescendo tudo, à pedidos, este texto não é nenhuma carta-testamento, pessoal, ou glamourização do suicídio. Quem assistiu ao filme que eu citei, Ilha do Medo, certamente entendeu perfeitamente o que quis dizer. Só escrevi algo partindo da escolha paradoxal que é escolher viver como um ser totalmente imperfeito num mundo cruel ou morrer porém ser reconhecido como um homem bom(exemplo do Michael Jackson). E, claro, divaguei sobre outro tema do filme, a Lobotomia, e sua consequente "não-consciência" ao mundo exterior, que ao meu ver, tiraria muito da angústia e do desespero da vida. Enfim... não devia estar esclarescendo nada de nenhum texto meu, o problema é que o povo lê e pensa que vou me matar].

Sunday, March 21, 2010

in rainbows.


Enfim, já faz um ano daquele que foi o melhor dia da minha vida, o apoteótico show do Radiohead no Brasil. Louco, o tempo passou rápido demais. Para completar o momento nostalgia, aqui vai o link do texto que escrevi sobre o show em São Paulo: http://futurismoparanoide.blogspot.com/2009/03/uma-semana-em-arco-iris.html

Tuesday, March 09, 2010

Ironia e Ceticismo em 140 caracteres.


Olá, pessoas que acompanham meu querido blog.
Estou sem muita inspiração para textos novos, ando tão pra baixo...
Aproveito também o momento mais informal para agradecer aos recentes elogios que recebi pelo blog, pessoas falando bem dos textos, e até me recomendando investir na carreira de escritor. Só tenho a agradecer, e uma novidade: esse ano sai uma coletânea de textos num livrinho sob encomenda. Vou deixar todo mundo informado, mas é um projeto um pouco mais para o futuro.

E me rendi ao twitter, sad. Meus raciocínios também estarão lá, mas de maneira bem superificial e curta. Ironia e Ceticismo em 140 caracteres; se quiser me acompanhar: www.twitter.com/jairthemessiah

Em breve estarei postando aqui dois contos que já tenho em mente.

Vida longa e próspera.