Wednesday, February 03, 2010

House: contra-indicado nos casos de desequilíbrio mental e emocional.


Com certeza, "House, M.D." é uma das séries mais bem feitas da história da televisão; o que é comprovado pela grande popularidade ao redor do planeta e um enorme acervo de premiações adquiridas. A série sobre o setor de diagnóstico médico chefiado pelo Dr. Gregory House do hospital universitário de Princeton me fez virar várias madrugadas dessas férias. Assisti aos episódios, com suporte de canecas de café, e não conseguia parar. Entretenimento do bom, mas com efeitos colaterais.

Desde que passei a acompanhar a série médica, desenvolvi sinais hipocondria e neuras que antes julgava irracionais. Como se não bastasse isso, após alguns poucos episódios perturbadores, surgiram pesadelos envolvendo vermes, queimaduras, sangramentos e bebês morrendo(não foram alucinações, só casos isolados, calma); e reflexões ainda mais céticas sobre a morte.

O motivo das neuras e do terror noturno é simples. Depois de assistir massivamente aos episódios com os desenrolares médico-científicos da série, primeiro você adquire a visão niilista básica que nós, seres vivos, não passamos de combinações complexas de carbono e água, e que tudo que fazemos não passa de uma reação do corpo humano a um certo estímulo ou instino natural - ter a noção exata do quão vulnerável é a nossa vida e da miserabilidade da condição humana nunca é saudável, acredite. Some a isto os "ensinamentos" nada benéficos do Doutor House, altas doses de ceticismo e misantropia. Um personagem que repudia a interação humana, por acreditar que compromete o raciocínio e a lógica e por ter certeza de que todos, sem exceção, mentem.

"Nossos corpos apodrecem. Podemos estar com 70 anos ou sermos bebês. Decomposição, vermes... a morte nunca é bonita! Você pode até viver com dignidade, mas não morrer com ela". É o que diz Dr. House a um freira que deseja voltar para o convento alegando o desejo de morrer com dignidade. Só a nível de exemplo.

Mas assista House! A série é incrivelmente bem feita e até engraçada! E faz enorme sucesso. O problema comigo é que, enquanto todos assistem um episódio, no máximo dois, por semana na televisão, vi cerca de trinta numa semana. E como dizem: a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade.