Saturday, September 12, 2009

Muse - The Resistance



Como não poderia deixar de ser, vazou nesta última semana o cd mais recente do Muse, "The Resistance".
Considero o Muse uma das melhores bandas da atualidade, e talvez a melhor das que apareceram na grande mídia de 2000 para cá. Em suas obras, cada vez mais o som da banda tem tomado um rumo épico e progressivo. E este cd é a consagração disto.

Ouvindo durante estes últimos dias, a primeira percepção que eu tive é que as distorções exageradas de guitarra do vocalista/guitarrista Matthew Bellamy foram abolidas. Dê adeus à músicas como Plug In Baby, Hysteria, Stockholm Syndrom, New Born. Mas se você gosta das músicas do histórico da banda que possuem uma dose exagerada de heroísmo, romantismo e até megalomania, como Knights of Cydonia, Invincible, Apocalypse Please e Space Dementia; este será seu cd favorito.
Como já era de se esperar, esta é a obra mais progressiva da banda. E o instrumental é o mais bem trabalhado de todos os cds do Muse. Incorporam-se à banda elementos definitivos de música erudita. Havendo no cd até uma sinfonia dividida em três partes(Exogenesis). O resultado é um album extremamente bem trabalhado, nos parâmetros da música pop contemporânea. Palmas para o Sr. Bellamy.

Deixando um pouco o instrumental de lado, "The Resistance" é um album temático. Clama por um hipotético levante popular que objetiva subverter a ordem, depondo burocratas corruptos e autoritários do poder. Claro que não se resume à isto apenas... Na música "United States of Eurasia", fica claro também o ideal humanitário e libertário por trás das canções, com citações como "Why split these states? When there can be only one." (Por quê dividir estes territórios? Quando eles deveriam ser apenas um.)

Porém, não são só elogios. É bem evidente a intenção, neste album, de dar uma textura mais pop às músicas(mesmo com um som mais trabalhado), visando - na minha opinião certeiramente, uma popularidade maior ao Muse nos Estados Unidos da América, já que esta popularidade fica mais restria à Europa e seu circuito de grandes festivais. Este não é um ponto exatamente negativo... mas uma intenção destas por trás das músicas podem limitar bastante a criatividade do artista, e acontece isso neste caso, em algumas poucas vezes. Como assim? Limitada como?

A tal clamada revolução, a resistência, que o Muse chama... talvez seja algo muito vago.
Isso é tão século XX!
Hitler, Stálin, Mussolini e todos estes líderes totalitários; eles estão todos mortos. É claro que o autoritarismo não morreu, é claro. Mas fica muito estranho de ver uma banda inglesa, de caras atualmente ricos, com turnês milionárias e mansões em cidades italianas... reclamar pelo fim do Sistema que os colocou no topo. O mesmo Sistema que os fez ricos. E adorados por milhares de fãs.
Cabem outras interpretações também. Poderia ser uma crítica ao governo Bush. Mas já estamos em 2009. Já estamos na Era Obama. Se quiser ciritcá-lo, ok. Mas deixa completar ao menos um ano de mandato. E para quê repetir a "tecla bush" se o próprio Muse já fez isso em 2007, com o Black Holes and Revelations? Quando o Radiohead já fez de forma maestral e messiânica, profetando o futuro, em Amnesiac(2001) e Hail To The Thief(2003)? É chutar cachorro morto.

Talvez o ponto que estamos analisando aqui é que ser subversivo vende. Estamos numa época em que grifes de roupas caras produzem camisetas com o rosto do Che Guevara. Acho que tem um pouco disso em "The Resistance". Clamar por essa revolução absurdamente vaga sempre agradou aos jovens. E nunca vendeu tanto.

Ou então - Eu prefiro acreditar nesta hipótese - A Resistência que o Muse aborda seja apenas uma metafóra. Seja a Resistência de cada dia. Seja a Resistência que, um fã brasileiro, ao ouvir o album, possa se inspirar um pouco mais à resistir dos atos tiranos dos senhores malígnos de Brasília. Resistir e derrubar do poder pessoas como José Satanás Sarney e seu exército de senadores psicopatas ou o Porco Autoritário que é o Presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Talvez a Resistência, a Revolução, seja apenas o fato de ter a coragem de matar um leão por dia, buscando uma sociedade mais digna.

"They'll try to push drugs Keep us all dumbed down and hope that We will never see the truth around(...) They will not force us They will stop degrading us They will not control us And we will be victorious"

[Eles tentarão nos empurrar drogas,
Nos manter estúpidos, para que assim
Nós nunca possamos enxergar a verdade nisto tudo.

Eles não irão nos vencer.
Eles irão parar de nos humilhar.
Eles não irão nos controlar.
Nós sairemos vitoriosos.]

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